Bolsonaristas se reuniram em frente ao Palácio da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, nesta quinta-feira de 7 de Setembro. Em contrastes com os anos anteriores de governo Bolsonaro (PL), quando milhares de pessoas vestiam verde e amarelo e ocupavam os espaços de um dos principais símbolos da capital mineira, um pequeno grupo trajou preto e se reuniu ao redor do palanque para pedir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A manifestação foi organizada pelo grupo "Direita BH", que, por meio de um de seus líderes, justifica o movimento pequeno como algo inicial. "Eu tenho dito para todos que estão engajados nesse ‘Fora Lula.’ Vocês fazem parte de um momento histórico, porque estão reacendendo a chama de um país gigante. Um país de essência conservadora", disse o organizador Cristiano Reis, que também tem feito movimentos distribuindo adesivos para mobilizar a militância da direita.
Os manifestantes ainda lembraram dos últimos anos e destacaram que estariam vivendo "tempos perigosos", com o risco de serem presos por se mobilizarem. Os organizadores classificaram o pequeno grupo como "corajosos" e afirmam que foram boicotados por outros bolsonaristas, chamados de "covardes", incluindo políticos aliados ao ex-presidente.
Pelas redes sociais, alguns grupos incentivaram o boicote às manifestações de 7 de Setembro. Os populares criaram um movimento chamado de "fique em casa", fazendo referência ao termo usado durante a pandemia de COVID-19 e pregava o isolamento social na emergência sanitária. O boicote teria como motivação esvaziar as ruas em demonstração de insatisfação com as Forças Armadas e evitar que fossem confundidos com apoiadores de Lula.
A organização do movimento também estendeu faixas contra o presidente e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, Cristiano Reis nega que houve financiamento de empresários ou políticos. "Eles não conseguem entender como nos mobilizamos. Quem está patrocinando é o povo. Temos uma caixinha de doação feita do povo pelo povo. Aqui não tem político nenhum para ajudar, muito pelo contrário", afirmou.
Em 2022, em plena corrida eleitoral, o ato reuniu nomes como o agora deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o estadual Bruno Engler (PL) e o senador Carlos Viana (Podemos). Hoje, já no nono mês de Lula no Palácio do Planalto, o ato careceu de representantes da classe política.
"Alguns políticos andaram nos procurando, mas nós falamos: ‘olha é o momento do povo resolver e ir para rua, não é momento de politicagem’. As pessoas têm muita dificuldade de entender isso. Essa pauta que estamos defendendo, o 'Fora, Lula', é uma pauta que nos custa muito caro", exclamou Cristiano Reis.
Mesmo com a desmobilização, os representantes do bolsonarismo tiraram parte do dia para ironizar os atos da esquerda. Nikolas classificou como "clima de velório" e disse que, sem Bolsonaro, o 7 de Setembro não tem graça. Já Engler disse que "amor não enche arquibancada".
Buzinaço e militares
O grupo ainda realizou um "buzinaço" na frente do Palácio da Liberdade. Durante todo o ato uma faixa estava estendida de frente para a avenida com os dizeres "Fora, Lula! Buzine". Apesar da predominância de buzinas favoráveis ao movimento, também foi possível escutar palavras contra o ex-presidente Bolsonaro.
As pessoas que se reuniram em frente ao carro de som, tinham ao lado esquerdo uma bandeira de quase dois metros de altura, com a imagem de Lula encarcerado e roupas de presidiário. O grupo afirma que o governo petista seria ilegítimo, pois o presidente deveria estar preso desde 2018, quando foi condenado no âmbito da operação Lava Jato.
Alguns fizeram discursos mais efusivos quanto ao tema, acusando o governo de ser um "golpe do sistema judiciário". Outros partiram para o as pautas ideológicas, dizendo que a atual gestão federal seria favorável do direito ao aborto, as invasões de terra e que estariam favorecendo a demarcação de terras índigenas em desfavor do agronegócio.
No entanto, chama atenção a falta de confiança nas Forças Armadas. Enquanto na Avenida Afonso Pena ocorria o tradicional desfile cívico militar, os manifestantes distribuíram melancia, um termo considerado pejorativo entre o oficialato. O verde da casca seria associado ao patriotismo e o vermelho seria uma referência ao comunismo.
"Essa também é uma manifestação melancia, porque é contra quem é verde por fora e vermelho por dentro", ironizou uma moça ao microfone, sob aplausos. Em seguida, também ovacionado, o rapaz citou o guru do ex-presidente, que morreu em janeiro de 2022: "Infelizmente, pessoal, Olavo de Carvalho estava certo quando falou: 'Os militares ainda v%u0101o bater continência para um comunista'".
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