INVESTIGAÇÃO

Polícia Federal aceita acordo de delação premiada de Mauro Cid

Termos precisam ainda ser homologados pelo MPF e pelo Supremo, mas apontam para a abertura de novas linhas de investigação no caso das jóias

Ex-ajudante de Ordens Mauro Cid em depoimento na CPI da CLDF -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
Ex-ajudante de Ordens Mauro Cid em depoimento na CPI da CLDF - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
Renato Souza
postado em 07/09/2023 15:59 / atualizado em 07/09/2023 16:00

A Polícia Federal aceitou firmar um acordo de delação premiada com o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid. A partir da admissibilidade da delação, a corporação comunica o caso ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), que precisam homologar e elaborar os termos, de acordo com fontes ligadas ao caso ouvidas pelo Correio.

Mauro Cid forneceu informações suficientes, e indicou provas, que na avaliação dos investigadores, sustentam as declarações que foram feitas durante duas semanas de depoimento. Os investigadores passaram os últimos dias avaliando as oitivas do militar, os elementos apontados e novas linhas de investigação que poderiam ser abertas no caso envolvendo a venda de jóias sauditas no exterior.

Uma das novidades em relação ao caso é a suspeita de negociação envolvendo imóveis por parte da família Bolsonaro nos Estados Unidos, entre o ano passado e o começo deste ano. As investigações em curso no Brasil apontam que parte das pedras preciosas sauditas doadas ao governo brasileiro foram objetos de uma operação para tentar burlar o fisco. A tentativa seria de incorporar ao patrimônio pessoal de Bolsonaro e demais envolvidos.

Os objetos preciosos, repassados pelo governo da Arábia Saudita, foram apreendidos no Aeroporto de Guarulhos. Além disso, a investigação envolve outros itens de elevado valor que deviam estar no acervo do Planalto.
De acordo com a legislação, os presentes deveriam ser incorporados no acervo da União, pois entregues em agenda internacional são de propriedade da República e não de uso pessoal. Um dos materiais, um relógio Rolex, de elevado padrão, foi vendido nos Estados Unidos, durante viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A PF identificou que o relógio foi comprado posteriormente, quando os acusados temeram que o TCU determinasse a devolução dos presentes, para que fossem guardados pela União.

Um recibo que comprova a negociação de venda e compra foi encontrado e colabora com as provas que apontam a existência do esquema. Mauro Cid é um dos suspeitos de envolvimento no caso.

Ele está preso e com o acordo de delação pode obter benefícios, como redução de pena e conversão da prisão em prestação de serviços comunitários, multa, entre outras ações. Procurada pela reportagem para saber se concordou com a delação, a defesa de Mauro Cid não se manifestou.

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