O ex-juiz da Operação Lava-Jato e agora senador, Sergio Moro (União-PR), e o ex-procurador e deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) defenderam a legalidade das ações da força-tarefa, após o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), anular as provas do acordo de leniência da Odebrecht e fazer duras críticas à condução das apurações. O magistrado ainda classificou a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como "um dos maiores erros judiciários da história do país" e determinou investigação das autoridades envolvidas no caso.
Moro enfatizou que "corrupção nos governos do PT foi real". "Criminosos confessaram e mais de R$ 6 bilhões foram recuperados para a Petrobras. Esse foi o trabalho da Lava-Jato, dentro da lei, com as decisões confirmadas durante anos pelos Tribunais Superiores", frisou, em postagem nas redes sociais.
O senador destacou que "os brasileiros viram, apoiaram e conhecem a verdade". "Respeitamos as instituições, e toda a nossa ação foi legal. Lutaremos, no Senado, pelo direito à verdade, pela integridade e pela democracia. Sempre", acrescentou.
Também pelas redes sociais, Dallagnol classificou o Supremo como "leniente com a corrupção de Lula". "O maior erro da história do país não foi a condenação do Lula, mas a leniência do Supremo com a corrupção de Lula e de mais de 400 políticos delatados pela Odebrecht. A anulação da condenação e do acordo fazem a corrupção compensar no Brasil", disparou. "E se tudo foi inventado, de onde veio o dinheiro devolvido aos cofres públicos? E com a anulação do acordo, os R$ 3 bilhões devolvidos ao povo serão agora entregues novamente aos corruptos? Os ladrões comemoram, enquanto quem fez a lei valer é perseguido."
Já em entrevista à Globonews, Dallagnol seguiu nas críticas a Toffoli. Ao ser questionado sobre irregularidades na obtenção de provas e nos acordos internacionais firmados de forma ilegal, insistiu que houve cooperação dentro da lei com autoridades suíças sobre documentos envolvendo a Odebrecht, o que, segundo ele, demonstraria que o magistrado "ou comeu uma tremenda bola ou faltou com a verdade".
O ex-procurador afirmou, ainda, que a decisão de Toffoli pode fazer com que "eventualmente" o dinheiro seja "devolvido à própria empresa que confessou crimes" e que o magistrado teceu uma "série de alegações de cunho político", em um cenário em que o "presidente da República quer reconstruir a história".
- Plenário do STF referenda decisão que declarou Moro parcial ao condenar Lula
- Gilmar Mendes critica Moro e Dallagnol pela Lava Jato: "Curitiba gerou Bolsonaro"
- Hacker diz que leu conversas privadas de Moro: "O senhor é um criminoso contumaz"
Políticos
A decisão do ministro Dias Toffoli, do STF, também teve grande repercussão no meio político. A deputada e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), chamou de "exemplar" o entendimento do magistrado. "Confirma o que sempre dissemos sobre a farsa da Lava-Jato. Cedo ou tarde, a verdade sempre vence. Os que mentiram, falsificaram provas, arrancaram depoimentos à força terão, agora, de responder por seus crimes", ressaltou. "A história segue restabelecendo a Justiça sobre a maior armação judicial e midiática que já se fez contra um grande líder."
Por sua vez, o líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ) criticou a decisão de Dias Toffoli. "Agora, só falta mandar o Estado brasileiro ressarcir o dinheiro da corrupção devolvido por empreiteiras", disparou. "É isso que acontece quando se indica um amigo para o Supremo", acrescentou o deputado.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br