7 de Setembro

7 de Setembro: governo convoca servidores para impedir vaias a Lula

No primeiro 7 de Setembro do terceiro mandato de Lula, tudo foi preparado para "desbolsonarizar" a data e resgatar o que o presidente chama de "auto-estima" dos brasileiros

A ideia é garantir uma plateia simpática a Lula na arquibancada, barrar vaias e impedir protestos, oito meses após os ataques golpistas de 8 de janeiro -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
A ideia é garantir uma plateia simpática a Lula na arquibancada, barrar vaias e impedir protestos, oito meses após os ataques golpistas de 8 de janeiro - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
Agência Estado
postado em 07/09/2023 00:08 / atualizado em 07/09/2023 00:09

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou servidores públicos de todos os ministérios para que compareçam ao desfile de 7 de Setembro, nesta quinta-feira, 7, na Esplanada. A ideia é garantir uma plateia simpática a Lula na arquibancada, barrar vaias e impedir protestos, oito meses após os ataques golpistas de 8 de janeiro. O palanque do presidente na cerimônia terá 250 autoridades, mas os futuros ministros do Centrão, ainda em negociações com o Palácio do Planalto, não estarão lá.

Na noite desta quarta-feira, 6, Lula fará um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, no qual destacará o caráter popular do Dia da Independência. O tom do discurso será o de pacificação do País para mostrar que o verde e amarelo da bandeira do Brasil é símbolo de todos, e não de um governante.

No primeiro 7 de Setembro do terceiro mandato de Lula, tudo foi preparado para "desbolsonarizar" a data e resgatar o que o presidente chama de "auto-estima" dos brasileiros. Tanto é assim que o conceito do pronunciamento de Lula será o de Pátria sem dono, sob o slogan "Democracia, Soberania e União".

Sangue e PIX

O Planalto recebeu informações de que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro mobilizaram sua claque para vaiar Lula logo que ele chegar à cerimônia na Esplanada. Nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filhos do ex-presidente, deflagraram uma campanha de doação de "sangue pelo Brasil" para mostrar que o bolsonarismo rejeita a violência.

Outros aliados de Bolsonaro, no entanto, iniciaram nova mobilização nas redes para arrecadar recursos, como fizeram após estourar o escândalo das joias. "Vamos todos fazer um Pix de 1 real no dia 7 de Setembro para o presidente Bolsonaro. Assim vamos mostrar o nosso voto e que ninguém se arrependeu de seu voto. Cada Pix deve ser postado nas redes no dia 7, ok?", diz trecho de mensagem que circula em grupos de WhatsApp, informando o CPF de Bolsonaro. "Esta será a mais nova manifestação do dia 7 de Setembro para a Nação Brasileira", completa o texto.

A Polícia Federal suspeita que parte desses doadores seja fictícia. De acordo com as investigações, a estratégia de depósitos por meio de Pix - que arrecadou recentemente R$ 17 milhões - tem sido usada para "lavar" recursos recebidos pelo ex-presidente com venda de joias no exterior, fato negado por sua defesa.

Mensagem

Desde a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) por apoiadores de Bolsonaro, em 8 de janeiro, Lula tenta passar a mensagem de união entre os Poderes. Foi em 7 de Setembro de 2021 que Bolsonaro chamou o ministro do STF Alexandre de Moraes de "canalha".

Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-AL), e do STF, Rosa Weber, confirmaram presença na tribuna de autoridades no desfile deste 7 de Setembro, assim como os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Com acordo selado para entrar no governo, os deputados André Fufuca (PP-MA), que deve ocupar o ministério do Esporte no lugar de Ana Moser, e Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE) - prestes a assumir Portos e Aeroportos - foram convidados para a festa, mas não comparecerão. Os partidos PP e Republicanos integram o Centrão, que tem em Lira seu maior expoente.

Planejada para aumentar a base de apoio no governo no Congresso, a reforma ministerial de Lula virou uma novela que se arrasta há mais de dois meses e deve deixar cicatrizes políticas. Como mostrou o Estadão, o titular de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), considera um erro entregar o ministério que hoje comanda para o Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, dando munição a um aliado de Bolsonaro.

Apesar da resistência de França, tudo indica que ele será mesmo transferido para Pequenas e Médias Empresas, o 38.º ministério a ser criado por Lula. Tanto França como Ana Moser confirmaram participação na cerimônia do 7 de Setembro.

Sem meta

O público estimado para o desfile é de 30 mil pessoas. O Ministério da Defesa, comandado por José Múcio Monteiro, levará aproximadamente 2.600 pessoas para assistir à cerimônia na arquibancada.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), organizadora da festa, nega que o governo tenha estabelecido metas de presença para cada ministério. Segundo assessores da Secom, foi aberto um número determinado de convidados para cada pasta apenas para facilitar a operação de segurança, mas todas as repartições acabaram solicitando mais vagas.

O ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta, disse não acreditar em atos de vandalismo no 7 de Setembro. "Será um momento especial para fortalecermos a democracia e a soberania nacional", afirmou ele. Múcio foi na mesma linha. "Nós trabalhamos pela pacificação do País e não vamos deixar que haja conflitos", avisou o titular da Defesa.

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br