O ex-deputado federal Deltan Dallagnol, que atuou na coordenação da Operação Lava-Jato no Ministério Público Federal no Paraná, criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) após decisão do ministro Dias Toffoli que anulou provas da leniência da Odebrecht contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O magistrado atendeu pedido da defesa de Lula, que apontou perseguição do cliente por meio de "conluio" entre procuradores e o juiz.
Na decisão que anula a leniência, Toffoli aponta que agentes públicos criaram um "projeto de poder" para prender Lula "em seu objetivo de conquista do Estado". O magistrado vê que existem indícios de crimes civis, na esfera administrativa e penal por parte das autoridades que atuaram no caso.
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Pelas redes sociais, Dallagnol questionou a decisão, afirmou que o Supremo é leniente com a corrupção e disse que a decisão de Toffoli agrada criminosos. "O maior erro da história do país não foi a condenação do Lula, mas a leniência do Supremo com a corrupção de Lula e de mais de 400 políticos delatados pela Odebrecht. A anulação da condenação e do acordo fazem a corrupção compensar no Brasil. E se tudo foi inventado, de onde veio o dinheiro devolvido aos cofres públicos? E com a anulação do acordo, os R$ 3 bilhões devolvidos ao povo serão agora entregues novamente aos corruptos? Os ladrões comemoram enquanto quem fez a lei valer é perseguido", escreveu.
Para Toffoli, ocorreram interesses pessoais e eleitorais do grupo, caracterizado, por exemplo, com o pedido de exoneração do então juiz Sergio Moro para ocupar o cargo de ministro da Justiça na gestão de Jair Bolsonaro, que em 2018 era o principal concorrente político de Lula pela presidência. Com o petista impedido de concorrer por determinação da Justiça, Bolsonaro venceu o candidato petista Fernando Haddad.
"Pela gravidade das situações estarrecedoras postas nestes autos, somadas a outras tantas decisões exaradas pelo STF e também tornadas públicas e notórias, já seria possível, simplesmente, concluir que a prisão do reclamante, Luiz Inácio Lula da Silva, até poder-se-ia chamar de um dos maiores erros judiciários da história do país", escreveu Toffoli.
"Mas, na verdade, foi muito pior. Tratou-se de uma armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações contra legem. Digo sem medo de errar, foi o verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições que já se prenunciavam em ações e vozes desses agentes contra as instituições e ao próprio STF. Ovo esse chocado por autoridades que fizeram desvio de função, agindo em conluio para atingir instituições, autoridades, empresas e alvos específico", completa o ministro, no despacho.
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