Na sessão do Conselho de Ética desta terça-feira (5/9), mais um relator de processo por quebra de decoro parlamentar mudou de opinião e defendeu o arquivamento da ação, desta vez, contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Josenildo Abrantes (PDT-AP), que relatou o caso, afirmou que iria pedir o seguimento da ação contra o filho de Jair Bolsonaro, mas admitiu que, diante de vários casos julgados e arquivados, de parlamentares da esquerda e da direita, iria tomar a mesma decisão.
Eduardo é acusado de quebra de decoro por ter disparado xingamentos pesados contra o deputado Marcon (PT-RS) em uma reunião da Comissão de Trabalho. Marcon disse que a facada que Bolsonaro levou em Juiz de Fora (MG), em 2018, foi "fake". Foi o suficiente para Eduardo partir para cima dele e o ofender com impropérios com "seu viado", "seu puto" e outros.
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"No primeiro momento, quando fiz o voto, estava encaminhando pela admissibilidade (aceitação da ação). Entretanto, com o julgado de vários casos da oposição e da situação, e observando as falas de alguns integrantes experientes aqui, entendo que Eduardo agiu sob o calor da emoção", disse Josenildo no seu voto.
O caso só não foi arquivado porque o deputado Chico Alencar (PSol-RJ) pediu vista, ou seja, adiou para a votação do parecer do relator. Deputados bolsonaristas tentaram demovê-lo da ideia e até ameaçaram, então, quebrar o clima de entendimento com a ameaça de que, a partir de agora, agiriam da mesma forma contra representados governistas de partidos de esquerda.
"Agora que não vou mudar de opinião mesmo. Não estou nesse toma lá, dá cá que alguns estão praticando aqui. Deixou claro que jamais duvidei da facada que o Bolsonaro levou. Foi algo criminoso, horrível. Mas acho que o deputado Eduardo Bolsonaro deveria estar aqui para explicar o que aconteceu (se referindo ao bate-boca com o petista)", disse Alencar.
Eduardo não compareceu ao conselho porque está em missão oficial, e foi representado por uma advogada, que argumentou que suas ofensas se deram no "calor da emoção".
Até agora, três conselheiros já mudaram seus pareceres e, em vez de pedir seguimento dos respectivos processos, mudaram de opinião e encaminharam pelo arquivamento das denúncias contra os bolsonaristas (Carla Zambelli, Nikolas Ferreira e José Medeiros). Outros dois casos contra deputadas da oposição também foram arquivados hoje, no conselho, e livaram as deputadas Talíria Petrone (PSol-RJ) e Juliana Cardoso (PT-SP) de responder por quebra de decoro parlamentar.
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