POVOS ORIGINÁRIOS

Mendonça vota a favor do marco temporal; julgamento retorna amanhã

André Mendonça votou pela fixação da data da promulgação da Constituição para demarcação de terras indígenas. Zanin vota na próxima sessão

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça votou a favor da fixação do marco temporal para demarcação de terras ocupadas por povos indígenas, ao retomar o julgamento da ação nesta quarta-feira (30/8). Após o voto do magistrado, a sessão foi suspensa até esta quinta-feira (31/8). 

Com o voto de Mendonça, o julgamento está empatado, com 2 votos a favor da tese e 2 contra. A ação estava parada desde 7 de junho por um pedido de vista de Mendonça, ou seja, mais tempo para analisar o caso. No retorno do julgamento, o ministro se mostrou favorável ao marco temporal, que determina que os povos originários só terão direito às terras que foram ocupadas por eles na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.

Além de Mendonça, Kássio Nunes foi a favor do marco, e Alexandre de Moraes e Edson Fachin, contra. Mendonça ainda não terminou de votar e a sessão será retomada na quinta-feira (30/8) com o encerramento do posicionamento dele. Em seguida, vota o ministro Cristiano Zanin.

Para Mendonça, no momento da criação da constituição, os integrantes da constituinte da época tiveram o objetivo de criar uma estabilidade sobre o tema, a fim de reduzir os conflitos com indígenas por território no país.

"Não se trata de negar as atrocidades cometidas, mas antes de compreender que o olhar do passado deve ter como perspectiva a possibilidade de uma reconstrução do presente e do futuro. Entendo eu que essa solução é encontrada a partir da leitura que faço do que foi o texto e a intenção do constituinte originário, de trazer uma força estabilizadora a partir da sua promulgação", disse ele.

Expectativa para voto de Zanin

O voto de Zanin ainda é um mistério é pode ser definidor para o resultado do julgamento. Nas últimas semanas, ele vem sendo criticado por votar em uma linha mais conservadora, como no caso em que foi contra a equiparação da homofobia com o crime de injúria racial ou se posicionou contra a descriminalização do porte e posse de maconha para uso pessoal.

Caso se alinhe novamente a linha conservadora, ele poderá votar a favor da criação do marco temporal. Caso vote contrário, será alvo de críticas de parlamentares e apoiadores da direita - que tem tecido elogios ao ministro desde que ele proferiu os primeiros votos.