O presidente da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), abriu a sessão desta terça-feira (29/8) comentando sobre as restrições que impôs aos trabalhos da imprensa na cobertura das sessões do colegiado. O parlamentar chamou de “inaceitável” jornalistas fotografarem mensagens de cunho pessoal dos parlamentares e divulgarem nas redes sociais pessoais.
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A fala se refere ao episódio em que o fotojornalista Lula Marques, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), registrou a tela do celular do senador Jorge Seif (PL-SC) enquanto ele trocava mensagens com uma jornalista da Jovem Pan. Com isso, o presidente da CPMI proibiu a divulgação de "informações privadas ou classificadas como confidenciais pela Comissão Parlamentar de Inquérito sem expressa autorização".
Maia informou que mandou cancelar acredencial de imprensa do fotojornalista da EBC. Na abertura dos trabalhos desta manhã, ele disse que respeita a liberdade de imprensa, mas “nenhum direito é absoluto, nem o direito à vida é absoluto”. “É inaceitável que venham para cá profissionais de imprensa que, para ao invés de cobrir os trabalhos que, de fato, interessam à sociedade brasileira, fique preocupado em devassar a intimidade alheia”, alegou.
A decisão do deputado foi criticada pelo Sindicato de Jornalistas Profissionais do DF (SJPDF) e pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Eles classificaram o ato como censura. "A exigência de mais um ato de credenciamento e a definição do que se pode ou não ser divulgado pelos jornalistas é uma tentativa de limitação do livre exercício profissional e de censura ao trabalho jornalístico. Não cabe a Maia ou a qualquer outro parlamentar definir o que deve ou não ser publicado pelos jornalistas", diz nota da entidade.
"A medida se soma à decisão de se proibir permanentemente a presença do fotojornalista Lula Marques no plenário da CPMI. O SJPDF pediu uma audiência com o presidente do colegiado e colocou a entidade à disposição do profissional que teve seu direito ao trabalho cerceado", completa.