Depois das passagens pela África do Sul e por Angola, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa hoje, em São Tomé e Príncipe, da XIV Cúpula dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Sob o tema "Juventude e Sustentabilidade", o grupo — que é composto por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e Timor-Leste — pretende aprofundar cooperação em temas como educação, saúde, segurança alimentar, trabalho e meio ambiente.
Para especialistas ouvidos pelo Correio, o giro africano de Lula reforça o esforço do Brasil em se tornar um protagonista do cenário global, em especial na comunidade da língua portuguesa — condição negligenciada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo, as frequentes viagens têm dois objetivos: fazer um contraponto em relação ao antecessor e reconstruir a imagem do presidente como um interlocutor de projeção mundial, e não somente regional.
Segundo o cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, a participação de Lula CPLP consolida a liderança brasileira entre os países lusófonos. E isso é pouco maios de oito meses de governo.
"Ele vai aproveitar todos esses fóruns internacionais para puxar temas globais. A questão de apoio, crítica a determinadas instituições, como a questão do FMI — que para ele deveria converter a dívida de países africanos em obras —, as falas em relação a outras moedas que não apenas o dólar. A agenda vai ser muito mais focada no nível pessoal, nos interesses do presidente, na política externa do presidente do que propriamente no grupo desses países", observa.
Referência
Para o cientista político André César, a reunião torna o Brasil o traço de união entre Portugal e os países de língua portuguesa da África e da Ásia. "Haverá, sim, fortalecimento dos laços e Lula aparece como grande condutor do processo. Brasil e Portugal, hoje, retomaram o rumo do entendimento. Essa agenda reforça nosso peso na comunidade. Mostra que somos referência, que precisamos ser seguidos", salienta.
A presença na CPLP também fortalece as relações exteriores e retoma a presença brasileira na África, que, atualmente, tornou-se uma zona de influência chinesa. "Em dezembro, o Brasil assume a presidência do G20, que é, atualmente, o principal fórum de cooperação econômica internacional. Ao inserir a pauta da redução das desigualdades na agenda deste fórum, é de suma importância que o Brasil fortaleça os laços com os países africanos e seja a voz deles no fórum", ressalta a especialista Mariana Cofferri, analista de Relações Internacionais.
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