A capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, celebrará os ataques terroristas de 8 de janeiro como o "Dia do Patriota" a partir do ano que vem. No início de agosto, a Câmara Municipal da cidade aprovou um projeto do bolsonarista Alexandre Bobadra (PL) — vereador cassado logo após a aprovação da matéria.
Em 8 de janeiro deste ano, em Brasília, bolsonaristas depredaram as sedes dos três Poderes: Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF) como tentativa de reverter o resultado das eleições de 2022 — que definiu vitória de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República.
A proposta foi promulgada do vereador bolsonarista em 7 de agosto pelo presidente da Câmara de Porto Alegre, Hamilton Sossmeier (PTB), após o prefeito da cidade, Sebastião Melo (MDB), não se manifestar sobre o projeto dentro do prazo previsto. A data, agora, faz parte do calendário oficial da cidade.
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No texto, Bobadra não justifica a escolha da data como o "Dia Municipal do Patriota". O termo, porém, é amplamente usado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inclusive durante os ataques em Brasília e nos acampamentos golpistas.
Alexandre Bobadra teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) por abuso do poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação durante as eleições de 2020. Embora já tenha sido afastado do cargo, ele ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Inacreditável"
A decisão gerou revolta em parlamentares, que criticaram o projeto nas redes. "Nossa cidade não merece essa vergonha, homenagear o golpismo justamente na data em que eles depredaram as sedes dos 3 poderes", escreveu a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS).
"Referência ao dia: invasão, depredação e roubo das sedes dos poderes por golpistas em Brasília. Foi um Dia de Fascistas, isso sim", declarou o vice-líder do governo no Congresso, deputado Bohn Gass (PT-RS).
Já o deputado estadual do Rio Grande do Sul Leonel Radde (PT) afirmou que o PT ajuizará uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) junto ao STF contra a lei do vereador cassado Alexandre Bobadra e contra o prefeito da cidade, Sebastião Melo. "Uma clara apologia ao crime na nossa capital. Fascistas não passarão!", frisou.