O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos do 8 de janeiro, o deputado Arthur Maia (União-BA), se irritou com Maurício Marcon (Podemos-RS), nesta quinta-feira (24/8), após ser chamado de “pizzaiolo”. O parlamentar disse que estaria havendo um suposto favorecimento às solicitações dos parlamentares governistas.
“Presidente, eu vou alertar, o senhor vai ser o pizzaiolo dessa pizza que está sendo gestada nessa CPMI. O seu nome, presidente, vai entrar para a história como aquele que deixou virar pizza essa CPMI”, alfinetou Marcon.
Em resposta, Maia negou que estivesse trabalhando em prol dos governistas e prometeu pautar todos os requerimentos não apreciados. “Se vossa excelência quiser eu me retiro do acordo e boto todos os requerimentos que estão aí para votar na próxima reunião e esse será o resultado da CPMI”.
“A responsabilidade dessa votação e da falta de acordo eu vou atribuir a vossa excelência”, completou o presidente da comissão.
Oposicionistas tentaram dissuadir o presidente do colegiado, como os senadores Eduardo Girão (Novo-CE) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
“Nos próximos dias, eu vou fazer um esforço para que a gente possa conjuntamente construir uma pauta, que inclua depoimentos solicitados pelo governo e pela oposição. Queria registrar perante o Brasil, toda imprensa brasileira, algo que é óbvio, mas parece que tem algumas pessoas insistem em não enxergar. Eu sou o presidente da CPMI, mas eu não aprovo nenhum requerimento. Se forem colocados requerimentos sem acordo, serão derrotados todos os requerimentos da oposição serão aprovados todos os requerimentos do governo”, declarou Maia aos jornalistas, após o fim da reunião da CPMI.
“Desde o primeiro momento nós tivemos aqui um esforço pessoal da minha parte no sentido de incluir os requerimentos da oposição. Todos se lembram na primeira reunião que tivemos eu coloquei os requerimentos em votação foram aprovados todos os do governo, foram rejeitados todos da oposição. Eu vim aqui perante a imprensa pra dizer que me sentia constrangido em a CPI só fazer a apuração através dos requerimentos apresentados pelo governo. A partir daí com muito esforço político da nossa parte conseguimos aprovar vários requerimentos da oposição”, completou ele.
A dificuldade de tecer consenso marcou a CPMI, na última terça (22), em um embate entre parlamentares da oposição e governistas em torno das solicitações por quebras de sigilo da deputada Carla Zambelli (PL-SP).
Há, no entanto, consenso para o fim dos trabalhos no dia 17 de outubro. Com 11 reuniões pela frente, o deputado afirmou, antes da confusão, que estava empenhado na construção de consensos para os requerimentos.
“O mais fácil é colocar requerimento em votação, eu posso botar todos em votação, difícil é aprovar, aprovar sobretudo os da minoria, esse é o grande desafio (...) Quem aprova é o plenário. Então, os requerimentos da minoria só são aprovados mediante acordo. (...) Eu continuarei fazendo um esforço muito grande no sentido de que esse acordo de fato se concretize”, amenizou ele.
“Mas eu posso também colocar todos se não tiver acordo. Se conseguir construir um acordo vamos selecionar os requerimentos fruto do acordo e colocar em votação”, completou.
A situação pode ser arriscada para a oposição bolsonarista, que tenta evitar que requerimentos de convocação e quebra de sigilo envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle sejam pautados.
“No momento de calor ali do deputado (Marcon), foi injusto como o presidente da CPMI. O próprio reconheceu isso ao final e ele conversou com o presidente Arthur Maia, porque até pelo bem da CPMI não tem muito sentido. Como é que você não vai ouvir o comandante da Força Nacional? Como é que você vai acabar uma uma sem ouvir o ministro (da Justiça) Flávio Dino que é pivô disso tudo que aconteceu. Para o próprio bem da CPMI é importante que esses requerimentos sejam aprovados e que o próprio governo aqui não tenha medo de que essas pessoas venham aqui e a gente possa fazer os questionamentos”, disse o senador Flávio Bolsonaro em coletiva.