Atos antidemocráticos

Bolsonarista condenado por bomba no aeroporto seguirá foragido, diz advogado

Aécio Fernandes irá entrar com recurso e garante que nem procura saber do paradeiro de seu cliente

Condenado nesta quinta-feira (17/8) a seis anos de prisão por seu envolvimento na tentativa de uma explosão no Aeroporto Internacional de Brasília, em dezembro de 2022, o blogueiro bolsonarista Wellington Macedo de Souza seguirá foragido. O advogado Aécio Palmeira Fernandes, que atua na defesa de Macedo, informou que seu cliente não irá se entregar para cumprir a pena. A decisão do juiz Osvaldo Tovani, da 8ª Vara Criminal de Brasília, foi revelada ontem pelo Correio.

Macedo está foragido desde 5 de janeiro, quando se desfez de uma tornozeleira eletrônica imposta pela Justiça. O blogueiro foi condenado por ser co-autor do atentado. Ele transportou em seu carro até o aeroporto o comparsa Alan Diego, que instalou a bomba no caminhão-tanque próximo ao local, na véspera do Natal do ano passado.

Aécio Fernandes disse que não se surpreendeu com a sentença do juiz e discorda da decisão e que irá entrar com recurso no Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Ele argumenta que Macedo não tinha conhecimento do conteúdo que Alan levava dentro de uma caixa e que, se soubesse que se tratava do cometimento de um crime, o blogueiro não teria permanecido com a tornozeleira.

O advogado afirmou também que conversou com Macedo depois da sentença, mas que não tem noção de seu paradeiro e que nem procura saber onde ele está. "Ele me ligou. Estava desesperado quando soube da decisão. Não sei onde está e peço a ele para não saber onde se encontra. Digo a ele que, esteja onde estiver, que esteja bem e seguro", afirmou o advogado.

"Se não acreditasse na sua inocência, não o estava defendendo"

Perguntado pelo Correio se Macedo irá se apresentar para cumprir a pena, Fernandes respondeu que não.
"Não pretende se entregar", afirmou. Além da sentença, o juiz Tovani manteve o pedido de prisão preventiva, determinada desde que ele rompeu a tornozeleira. O advogado acredita na inocência de seu cliente e afirmou que não o defenderia se entendesse ser ele culpado.

"Na sentença, foi ignorado o fato de que o Alan afirmou que o Wellington não tinha conhecimento do que tinha na caixa. Além da tornozeleira, ele não iria cometer um crime sendo monitorado. E nem seguir no carro que está no nome de sua mulher e que é rastreado pelo seguro. Se não acreditasse na sua inocência, não o estava defendendo", disse Fernandes.

Macedo foi condenado por expor a perigo a vida, a integridade física de outro mediante explosão, arremesso ou colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos. O bolsonarista foi condenado a regime inicial fechado e também a pagar 250 dias-multa.

"O crime foi premeditado", sentencia juiz

O juiz Tovani concuiu que o conjunto probatório é seguro para a condenação e que a culpabilidade é evidenciada. "O crime foi premeditado. O acusado conheceu pelo menos um dos co-autores em Brasília, no acampamento montado em frente ao QG do Exército. As emulsões explosivas vieram do Pará, a pedido de George, o qual, após a montagem, entregou o artefato explosivo para Alan, que, por sua vez, ligou para o acusado e se encarregaram de tarefa importante, a colocação do artefato no local escolhido", escreveu o juiz na sua sentença, obtida pelo Correio.

Tovani afirmou também na decisão que houve uma tentativa de detonação, não concretizada por erro de montagem, o que demonstra "que a motivação era, palavras do co-autor, 'dar início a um caos'".

Disse também o juiz: "O fato de ter sido colocado nas imediações do Aeroporto Internacional de Brasília não pode ser ignorado, até porque o local foi previamente escolhido, conforme demonstram os vídeos do veículo (dirigido por Macedo) passando várias vezes na região até se aproximar do caminhão-tanque".