joias sauditas

Bolsonaro e Michelle: Moraes autoriza PF a quebrar sigilos

Ministro do Supremo Tribunal Federal atende a pedido da corporação para fazer devassa nas contas do ex-presidente e da ex-primeira-dama

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou, nesta quinta-feira, que a Polícia Federal quebre os sigilos fiscal e bancário do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A decisão foi tomada no âmbito da investigação que apura o desvio e a venda de joias presenteadas ao governo brasileiro.

Os itens de luxo foram levados para os Estados Unidos e comercializados. As apurações apontam que o casal Bolsonaro seriam beneficiários dos recursos obtidos com as negociações. O material foi devolvido posteriormente, por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).

"Os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores", afirma trecho da manifestação da PF encaminhada ao STF.

As diligências investigam lavagem de dinheiro e descaminho, pois os pertences deveriam ser incluídos no acervo da Presidência da República.

Fontes na PF ouvidas pelo Correio acreditam que diligências devem ser autorizadas, nos próximos dias, tendo Bolsonaro como alvo. As possibilidades aumentaram após a informação da defesa do ex-ajudante de ordens Mauro Cid de que o cliente afirmará que vendeu as joias e repassou dinheiro em espécie para o ex-presidente.

Horas antes, Moraes autorizou pedido de cooperação internacional, feito pela PF. A corporação vai solicitar aos Estados Unidos a quebra de sigilo bancário das contas de Bolsonaro, de Mauro Cid e do pai dele, general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid.

Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, também poderá ter sigilo quebrado, caso tenha contas nos EUA.

A polícia também busca o rastreamento das joalheiras envolvidas na venda das peças, principalmente do relógio Rolex recomprado por Wassef. O objetivo é identificar pessoas físicas que negociaram ilegalmente esses bens e onde foi parar o dinheiro das vendas.

O Rolex, de platina cravejado de diamantes, foi presentado por sauditas a Bolsonaro durante uma viagem oficial, em 2019. O relógio foi levado para os EUA, segundo a PF, em junho do ano passado e vendido por mais de U$S 68 mil (cerca de R$ 346 mil).

Conforme a apuração, Wassef teria ido aos EUA para recomprar o relógio, que estava exposto em uma joalheria de Miami, para entregar ao TCU. O advogado admitiu ter resgatado o item.