A Polícia Federal convocou o hacker Walter Delgatti Neto para depor novamente nesta sexta-feira (18/8). Ele, que já havia sido ouvido pela corporação, também prestou depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro desta quinta-feira (17/8). Para os investigadores, as acusações do homem no colegiado justificam a nova oitiva.
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No depoimento à PF, Delgatti Neto afirmou que recebeu R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir qualquer sistema do Poder Judiciário. No Congresso, ele disse também que o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu para que ele assumisse a autoria de um grampo que teria sido realizado contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Segundo o hacker, Zambelli foi a responsável por intermediar o contato entre ele e o ex-presidente. Delgatti Neto declarou que o ex-chefe do Executivo pediu para que ele criasse um código-fonte que pudesse colocar em dúvida o sistema eleitoral. Para isso, teria sido enviado cinco vezes ao Ministério da Defesa para aprender sobre o funcionamento das urnas eletrônicas. As defesas da deputada e de Jair Bolsonaro negam as acusações.
Suspeita de interferência
Walter Delgatti Neto está preso desde 2 de agosto, por ser alvo da operação da Polícia Federal que apura a suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Ele ficou conhecido por hackear trocas de mensagens do ex-juiz da Operação Lava-Jato Sérgio Moro (União-PR), hoje senador, e do ex-procurador da República e deputado cassado Deltan Dallagnol. Na operação de agosto, a PF também fez buscas em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli. Delgatti havia afirmado aos investigadores que a bolsonarista pediu para que ele invadisse as urnas eletrônicas, além da conta de e-mail e telefone do ministro Alexandre de Moraes.