Investigação

CPMI de 8/1: hacker fica em silêncio durante perguntas de Flávio Bolsonaro

Filho de Bolsonaro perguntou se Delgatti Neto teria recebido alguma vantagem ao invadir celulares de autoridades, durante o episódio conhecido como Vaza-Jato

O hacker Walter Delgatti Neto permaneceu calado durante todas as perguntas feitas pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em oitiva da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas do 8 de janeiro, nesta quinta-feira (17/8).

Flávio, que é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, mostrou um vídeo com uma reportagem mostrando o funcionamento de urnas eletrônicas com “voto impresso auditável” usadas na Argentina.

Entre os questionamentos, o parlamentar perguntou se o hacker recebeu alguma vantagem ao invadir celulares de autoridades, episódio conhecido por Vaza-Jato, ou se Delgatti ou seu advogado tinham ligação com partidos de esquerda.

“O senhor tinha conhecimento que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) faz um teste de segurança público nas urnas? O senhor sabia que as Forças Armadas participaram oficialmente, a convite do ministro (Luís Roberto) Barroso para fazer esses testes nas urnas? O senhor teria condições técnicas de oficialmente, de forma legal, fazer esse tipo de teste em urnas?”, perguntou Flávio.

"Sondagem"

O senador defendeu que as conversas de Walter Delgatti Neto com o ex-presidente, com a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e com integrantes das Forças Armadas não foram para arquitetar uma invasão no sistema eleitoral.

“Ele próprio falou que tem conhecimento teórico, nunca teria feito isso. Foi, na verdade, uma sondagem para que ele pudesse, junto com aquele grupo das Forças Armadas que estava legalmente no TSE para fazer os testes em urnas, mostrar ao TSE possíveis vulnerabilidades das urnas”, defendeu o parlamentar que chamou o depoimento de Delgatti de mentira.

“Quanto custa a democracia, seu Walter? Porque foi essa a pergunta que você fez para Carla Zambelli, quando foi negociar com ela o preço de quanto ganharia para fazer o trabalho”, alegou.

“Livro do Lula”

O parlamentar apresentou ainda uma imagem do advogado de defesa do hacker, Ariovaldo Moreira, com um “livro do Lula”. A legenda da publicação do Instagram, lida por Flávio, afirma que o autor da biografia do presidente Lula, Fernando Morais, faria uma noite de autógrafos na cidade de Araraquara (SP) e que “os direitos autorais dos livros vendidos neste dia serão revertidos para Walter Delgatti”.

Mesmo com todas as perguntas, o depoente escolheu permanecer em silêncio. Ao fim do tempo de fala do senador, foi exibido um vídeo do jornalista Glenn Greenwald, em que ele afirma que o hacker queria “atenção” e que, quando ele acusa Zambelli e Bolsonaro de pedir para que hackeasse as urnas eletrônicas, “tudo que Walter Delgatti fala, eu tenho dúvidas”.