Articulação

'Lula precisa somar forças com PP e Republicanos', diz Jorge Mizael

Cientista político argumenta que presidente Lula precisa se aproximar de partidos com mais de 40 deputados que auxiliem na votação de pautas do governo

Diante da impossibilidade de governar sozinho ou somente com o apoio da base aliada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa se aproximar do Partido Progressista (PP) e do Republicanos, legendas com mais de 40 deputados que podem aprovar pautas de interesse do Planalto. É o que opina o cientista político e CEO da Metapolítica, Jorge Mizael, convidado do CB.Poder — parceria entre Correio e TV Brasília — desta terça-feira (15/8).

Segundo ele, o petista não tem outra alternativa senão abrir o governo para novos aliados que possibilitem a votação de questões essenciais, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária.

Confira a íntegra do programa:

“Diante dessa impossibilidade de governar sozinho ou com aquela base ampla que o apoiava na eleição, Lula precisa, agora, trazer outros partidos, e quem está no jogo hoje é o PP de Arthur Lira e o Republicanos de Tarcíso. Ele não tem muito mais para negociar com partidos com mais de 40 deputados, como é o caso aqui. Agora ele precisa somar forças, somar aliados e, eventualmente, de alguém que não ficou ao seu lado na eleição, como o próprio Arthur Lira, para poder terminar o seu governo aprovando matérias de seu interesse”, aponta.

A ideia de aproximar essas legendas do governo é abarcada pela reforma ministerial, pauta que tem gerado divergências, sobretudo entre a base apoiadora do governo. Para Mizael, o impacto da reforma seria “mera e absolutamente matemático”, uma vez que a política em uma democracia depende de vantagens matemáticas para a aprovação de projetos e medidas.

“O governo vai conseguir somar trazendo esses partidos para dentro. A política também é a matemática da quantificação de votos. Se ele (Lula) não tiver os votos necessários para votar especialmente projetos de lei complementares, como é o caso do arcabouço (fiscal) ou propostas de emenda à constituição, como é o caso das PECs da reforma tributária e da reforma administrativa, ele não conseguirá viabilizar suas pautas. Então, ele vai abrir parte no governo. É o que ensinam os manuais do que chamamos de presidencialismo de coalizão. Desde o princípio tem que abrir espaço para aquele que me dá voto e outras contribuições”, destrincha Mizael.

A análise feita pelo CEO da Metapolítica é a de que a pauta econômica deve centralizar o debate nos próximos meses. Para ele, a votação do arcabouço fiscal é essencial para a definição do orçamento da União para o próximo ano, e depende, por sua vez, da reforma ministerial para que seja aprovada.

“Se a gente não conseguir finalizar a votação do arcabouço fiscal não terá orçamento válido para o próximo ano, então as coisas estão entrelaçadas. Para ter a votação do orçamento, Lula precisa finalizar a sua percepção sobre a reforma ministerial, ou seja, existe realmente um entrelaçamento sobre tudo isso que a gente falou aqui. O que eu vejo é que, até o fim do ano, toda essa questão orçamentária e fiscal tem que ser finalizada”, acrescenta.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro