A situação do ex-presidente Jair Bolsonaro; da mulher dele, Michelle, e de aliados do ex-chefe do Executivo fica cada vez mais complicada conforme avançam as investigações sobre o caso das joias sauditas e dos ataques golpistas de 8 de janeiro.
Na apuração a respeito de presentes de luxo desviados do acervo da União, a Polícia Federal avalia já ter elementos para indiciar a ex-primeira-dama.
As diligências apontam que parte dos kits de joias vendidos por ex-auxiliares de Bolsonaro era destinada a Michelle.
Preparando-se para complicações com a Justiça, a ex-primeira-dama contratou o advogado Daniel Leon Bialski. Em nota, o criminalista ressaltou ao Correio que Michelle "desconhece ter ocorrido irregularidade ou ilicitude" no caso das joias sauditas.
O comunicado destaca que foi solicitado acesso aos autos para "conhecer quais as suspeitas existentes" e que mencionam o nome da esposa do ex-presidente.
Agentes apuram possível crime de peculato, que é o desvio de recursos públicos. Além de Michelle, estão sendo investigados nesse suposto esquema o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid; o pai dele, general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid; o tenente Osmar Crivelatti e o advogado da família Frederick Wassef.
A PF pediu a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Bolsonaro e de Michelle e aguarda uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O nome de Michelle foi citado pela primeira vez quando o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi ao Aeroporto de Congonhas, em outubro de 2021, pressionar servidores da Receita Federal a liberarem um conjunto de joias presenteado pelo governo da Arábia Saudita. Para tentar convencer os auditores, o ministro enfatizou que os itens eram destinados a Michelle.
Os demais depoimentos, coleta de provas e conversas de mensagens corroboram com a fundamentação de um indiciamento da ex-primeira-dama. A informação foi revelada pelo G1 e confirmada pelo Correio junto a fontes na corporação.
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Patrimônio
De acordo com a legislação, itens presenteados por governos estrangeiros devem ser incorporados ao acervo da União. As investigações apontam, porém, que ocorreu uma verdadeira articulação de auxiliares de Bolsonaro para comercializar peças valiosas e incorporar o dinheiro ao patrimônio da família do ex-presidente.
Um dos itens, um relógio Rolex, de elevado padrão, foi vendido nos Estados Unidos durante viagem do ex-chefe do Executivo.
Os agentes identificaram que o relógio foi recomprado quando o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que Bolsonaro devolvesse todos os kits de joia que estivessem em seu poder.
Um recibo que comprova a negociação de venda e compra foi encontrado e colabora com as provas que apontam a existência do esquema.
Em uma das conversas interceptadas pela Polícia Federal, auxiliares de Bolsonaro disseram que Michelle "sumiu" com joias, sem mencionar quais seriam.
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