O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliou, nesta segunda-feira (14/8) durante o programa semanal Conversa com o presidente, a Cúpula da Amazônia como “excepcional”, por ter sido a primeira oportunidade para que todos os países que têm o bioma em seu território participem da reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
“Eu sinceramente acho que o encontro que nós fizemos sobre a Amazônia foi uma coisa excepcional. Primeiro, é a primeira vez em 45 anos desde que existe a OTCA que tem uma reunião com a totalidade dos países Amazônicos, ainda com a participação da República Popular do Congo e do Congo, e ainda com a participação de um ministro da Indonésia, que veio e não pôde participar porque teve que retornar rapidamente. Ou seja, o que é importante é que teve a conversa amazônica na véspera, sexta, sábado e domingo, em que compareceram 30 mil pessoas. Nunca se discutiu a Amazônia com a força da sociedade como se discutiu desta vez”, comentou o presidente, citando ainda o evento que antecedeu a Cúpula, o Diálogos Amazônicos.
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O presidente refletiu, indiretamente, sobre as críticas ao documento assinado pelos países membros da OTCA, a Declaração de Belém. O documento gerou certa frustração por não mencionar exploração de petróleo no território amazônico, especificamente do desejo da Petrobras em explorar o recurso na foz do rio Amazonas, no Amapá, ou metas mais detalhadas, com prazos concretos.
“Muita gente, às vezes, comenta achando que a gente deveria ter encontrado a solução definitiva, não é fácil encontrar a solução definitiva, porque demanda muito trabalho, muitos anos de trabalho, e porque esse encontro teve como como condição e como pretexto a gente preparar os países que são amazônicos para a gente levar uma proposta sobre a floresta para os Emirados Árabes no encontro na COP28, em dezembro. A gente conseguiu preparar uma proposta, conseguimos uma coisa unitária, não só entre os chefes de Estado, mas entre o movimento social, produzimos um documento sobre a floresta que vai ser uma uma coisa muito forte para a gente levar para discutir na Amazônia”, observou ele.
“Eu digo sempre o seguinte: todo mundo fala sobre Amazônia, todo mundo dá palpite na Amazônia, mas é a primeira vez que a Amazônia fala para o mundo, é a primeira vez que o povo amazônida fala com o mundo”, completou.
Papel dos países desenvolvidos
Lula reforçou ainda a cobrança aos países desenvolvidos e o papel que as nações devem desempenhar na proteção das florestas e no combate às mudanças climáticas. “Vamos pela primeira vez discutir com mais seriedade a contribuição dos países ricos com relação à preservação das florestas, porque não basta as pessoas enxergarem através de satélite a copa das árvores, é preciso enxergar que lá embaixo, em todos os países, moram 50 milhões de pessoas. Só no caso do Brasil são quase 30 milhões de pessoas que moram e que precisam viver com dignidade, ter emprego, educação, saúde.”
“Nós temos condição de chegar ao mundo lá nos Emirados Árabes e dizer o seguinte: ‘Olha a situação é essa, nós queremos essa contribuição de vocês e isso não é favor, isso é pagamento de uma dívida que vocês têm com o planeta Terra, porque vocês derrubaram a floresta de vocês 100 anos antes de nós, ou
150 anos. Então, agora, vocês paguem para que a gente possa preservar a nossa floresta gerando emprego, gerando oportunidade de trabalho e gerando quem sabe condições de melhorar de vida das pessoas. Que é isso que o Congo quer, que o Brasil quer, que a Bolívia, que o Equador, que a Guiana quer, que é isso que quer Colômbia, Peru, Venezuela, é simples. Façam as contas e vamos ver quanto é que vocês têm que colocar na mesa para a gente poder continuar preservando a nossa floresta'”, cobrou Lula.