INVESTIGAÇÃO

Cid lamenta restrição de venda: 'Dá pena porque estamos falando de US$ 120 mil'

Em intercepção, tenente-coronel e Marcelo Câmara falaram sobre negociação de presentes para venda no exterior. Para PF, mensagem mostra que envolvidos tinham plena ciência da ilegalidade da operação

O relatório da Polícia Federal, que apura a venda ilegal de presentes oficiais dados ao governo, mostra que o tenente-coronel Mauro Cid tinha "plena ciência" da gravidade e restrições impostas pela lei. Em uma mensagem interceptada pela corporação, com data de 13 de fevereiro, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro lamenta a interrupção da negociação com o assessor Marcelo Câmara e até faz piada com a situação.

Na transcrição da PF, Câmara explica a Mauro Cid que conversou com o então chefe do setor responsável por catalogar as peças e que recebeu a orientação de que, como a venda seria feita no exterior, é obrigatório prestar contas. Por isso, ele diz que é necessário recuar nas negociações.

“Como é no exterior, obrigatoriamente eu tenho que avisar. Então, pra não gerar problema, melhor voltar. E aí em uma outra oportunidade, pode leiloar, mas só que no Brasil mesmo, ok?”, disse Câmara.

Reprodução - Mensagens trocadas entre Mauro Cid e Marcelo Costa Câmara, auxiliares de Bolsonaro, sobre restrições a venda de presentes oficiais

Mauro Cid, então, aceita, mas lamenta: “Só dá pena pq estamos falando de 120 mil dólares Hahaaahaahah (sic)”, diz. O assessor concorda, mas diz: “O problema é depois justificar para onde foi. De eu informar para a comissão da verdade. Rapidamente vai vazar”.

A Polícia Federal diz que as mensagens evidenciam que, além da existência de um esquema de peculato para desviar o acervo privado de Jair Bolsonaro, com “presentes de alto valor recebidos de autoridades estrangeiras, para posterior venda e enriquecimento ilícito do ex-presidente, Marcelo Câmara e Mauro Cid tinham plena ciência das restrições legais da venda dos bens no exterior”.

 

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