O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que as operações no Nordeste, no segundo turno das eleições, foram para coibir crimes eleitorais. Bolsonarista, ele voltou a negar que tenha tentado impedir o acesso de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos locais de votação.
Durante o depoimento, Vasques reclamou de mal-estar. De acordo com fontes na corporação, ouvidas pelo Correio, o policial teve um quadro de pressão desregulada e foi atendido pelos bombeiros civis que atuam na corporação.
Na oitiva, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-diretor da PRF sustentou que as barreiras montadas em locais onde Lula tinha mais intenções de votos miravam crimes, como transporte irregular de eleitores.
Vasques foi preso preventivamente em Florianópolis, na quarta-feira. Ele passou a primeira noite de cárcere na Superintendência da PF no Setor Policial Sul. Depois de prestar depoimento, seguiu para o Complexo Penitenciário da Papuda.
Ao deixar a sede da PF, o advogado do ex-diretor da PRF afirmou que as ações policiais foram coordenadas pelo Ministério da Justiça. "O responsável por essa operação envolvendo eleição foi o Ministério da Justiça. PRF é subordinada, então tem de obedecer. Mas não teve nenhum pedido no sentido de cometer alguma infração ou perseguir um viés político ou outro, nada disso", ressaltou Eduardo Simão. À época, a pasta da Justiça era comandada por Anderson Torres.
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As investigações começaram após eleitores denunciarem um aumento de operações em 30 de outubro, quando ocorreu o segundo turno das eleições. Na ocasião, vídeos e fotos de barreiras montadas pela corporação em redutos eleitorais de Lula correram a internet.
Nos últimos meses, a PF identificou diversas mensagens, trocadas em outubro, entre Vasques e outros integrantes da PRF, além de documentos e reuniões que corroboram com a tese de que foi montado um esquema para tentar interferir no resultado do pleito.
Uma planilha encontrada pela PF revela o mapeamento dos votos para Lula. As anotações citam pelo menos sete milhões de votos em cidades que seriam afetadas por blitzes da PRF.