INVESTIGAÇÃO

Silvinei Vasques depõe à PF por três horas e é transferido para a Papuda

Acusado de tentar inferir nas eleições de 2022, o ex-diretor da PRF é alvo de um inquérito que apura barreiras policiais no Nordeste

O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques prestou depoimento à Polícia Federal (PF), na tarde desta quinta-feira (10/8), em Brasília. Ele foi ouvido por três horas sobre a acusação de que tentou interferir no resultado das eleições de 2022. Logo depois, foi transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda.

A oitiva ocorreu por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Silvinei foi preso na quarta-feira (9/8) em Santa Catarina. Ele passou a noite na Superintendência da PF no Setor Policial Sul, em Brasília. No começo da tarde foi levado para a sede da corporação. Ele cumpre ordem de prisão preventiva, solicitada ao Supremo pelos investigadores.

Silvinei foi alvo da operação Constituição Cidadã, que investiga uma suposta interferência da PRF nas eleições gerais. Sobre ele, pesam graves acusações de ter tentado alterar o resultado do pleito tentando impedir, por meio de blitzes no Nordeste, que eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegassem aos locais de votação.

As investigações começaram após eleitores denunciarem um aumento de operação no dia 30 de outubro do ano passado, quando ocorreu o segundo turno das eleições gerais. Na ocasião, vídeos e fotos de barreiras montadas pela corporação em redutos eleitorais de Lula correram a internet e geraram reações de diversos políticos eleitos ou que estavam se candidatando. Na época, ele chegou a ser chamado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, para se explicar.

Houve a especulação de que ele poderia ser preso no mesmo dia. Moraes determinou, na ocasião, a interrupção das blitzes e minimizou os efeitos, afirmando que os dados eleitorais mostraram que não houve aumento de abstenção entre os eleitores de todo o país. No entanto, nos últimos meses, a PF identificou diversas mensagens, trocadas em outubro entre Silvinei e outros integrantes da PRF, além de documentos e reuniões que corroboram com a tese de que foi montado um esquema para tentar impedir o direito ao voto e interferir no resultado das eleições gerais.

Milhões de votos

Uma planilha encontrada pela Polícia Federal revela o mapeamento dos votos do presidente Lula nas eleições de 2022. As anotações citam pelo menos 7 milhões de votos em cidades que seriam afetadas por blitzes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno do pleito. As informações, que ajudaram a fundamentar a prisão de Silvinei Vasques, tinham como base os resultados do primeiro turno de votação.

Com base na votação de 5 de outubro, as ações da PRF, de acordo com as investigações, miravam cidades onde Lula teria mais votos no Nordeste. A planilha foi enviada ao ministro Alexandre de Moraes, que aceitou o pedido de prisão contra Vasques. Três fotos foram encontradas no celular da delegada Marília Alencar com dados da votação. De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, uma das fotos foi tirada de uma folha de papel com o título "concentração maior ou igual a 75% - Lula".

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