O Conselho de Ética da Câmara livrou os deputados bolsonaristas Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carla Zambelli (PL-SP) de responderem a ação por quebra de decoro no colegiado. Em ambos os casos, os relatores, que deram parecer favoráveis ao prosseguimento das representações, mudaram de entendimento a favor dos acusados.
Zambelli foi acusada de xingar o deputado Duarte Jr. (PSB-MA), durante uma audiência pública com presença do ministro Flávio Dino (Justiça). Ela se dirigiu a ele com a expressão "vá tomar no c*". Logo depois, em discurso, ela se desculpou com o deputado. O relator do caso, João Leão (PP-BA), mudou seu parecer e, agora, diz que não ficou "claro" se ela de fato disparou o xingamento e se foi contra o parlamentar socialista. Por 15 a 4, a ação contra Zambelli foi arquivada.
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Nikolas Ferreira foi alvo de ação de vários partidos de esquerda por ter feito um discurso transfóbico no plenário da Câmara, usando uma peruca amarela. O episódio ocorreu no dia 8 de março, no Dia Internacional da Mulher. Na ocasião, Nikolas afirmou que "as mulheres estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres".
O relator do caso, Alexandre Leite (União-SP), que primeiro leu um voto para que deputado mineiro seguisse respondendo pela acusação, voltou atrás após apelos da bancada bolsonarista. No novo parecer, ele optou pelo arquivamento, com a recomendação de uma censura escrita. Por 12 a 5 o conselho arquivou o caso.
Nos dois casos, o petista Washington Quaquá (PT-RJ) votou a favor dos bolsonaristas. Ele argumentou que irá votar contra o seguimento de todas as representações já protocoladas no conselho, uma delas contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que partiu para cima de outro parlamentar do PT, Dionilso Marcon (PT-RS).
Mesmo considerando "absolutamente errado" o comportamento do Nikolas, Quaquá o absolveu. Ele garantiu que a partir de agora, não irá tolerar mais essas manifestações.
"A partir de agora, não toleramos mais nenhum falta de decoro no plenário ou comissões. Tem que ter respeito nessa república. Nessa tarde devemos negar todas as representações, como um ato pedagógico, independente do mérito" - disse Quaquá, que disse não falar em nome do PT.
Chico Alencar (PSol-RJ) votou contra os dois bolsonaristas e pela admissibilidade das ações. Para ele, houve um "acordão silencioso". Ele criticou duramente a decisão sobre Nikolas. "Não admitir o mínimo (a admissibilidade) e rejeitar é dizer que não houve nada e significar autorizar que usem indumentárias jocosas e animalescas até para praticar o racismo. O deputado Nikolas não fez um milímetro de autocrítica de sua posição", disse Alencar.