Congresso

Marco fiscal: deputados vão ouvir técnicos para superar impasse político

Relator do projeto de lei que determina as regras para as contas públicas, deputado Cláudio Cajado diz que especialistas do governo vão esclarecer pontos do texto, em reunião marcada para a próxima semana

Um dos temas relevantes da agenda do Congresso, o arcabouço fiscal segue sem previsão de ser votado. O relator do projeto de lei (PL), o deputado Cláudio Cajado (PP-BA), afirmou nesta terça-feira (8/8), após reunião com líderes e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que o texto será discutido com técnicos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima segunda-feira (14/8).

“Vários assuntos foram pautados dentro do arcabouço. Tivemos um consenso de que é necessário que se ouça os técnicos do governo para que eles possam esclarecer o que foi dito quando na votação da Câmara e as alterações efetivadas pelo Senado”, explicou o relator.

“Ficou acordado, entre todos os líderes, que faremos uma reunião na próxima segunda-feira aqui na Residência Oficial [da Câmara] às 19h com líderes o presidente Lira, técnicos do governo, para que possamos discutir as alterações e os motivos pelas quais elas foram feitas”, acrescentou.

Cajado disse que, por enquanto, permanece a versão do marco fiscal aprovada pelo Senado. “Até lá o arcabouço fica fora da discussão, e vamos aguardar essa reunião para que possamos depois discutir o que permanece e o que não permanece no texto para levar depois ao Plenário”, disse Cajado na saída daResidência Oficial da Câmara.

Com início na Câmara, o novo marco fiscal foi aprovado pelos deputados, mas o Senado promoveu alterações no texto, relatado na Casa pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), e por isso, precisa ser novamente votado na Câmara. Caso os parlamentares da Casa Baixa aprovem a medida novamente, ela pode ir à sanção presidencial.

As alterações aprovadas pelos senadores retiram do limite de gastos do arcabouço o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

Cajado defende a derrubada dessas alterações. Ele entende que as retiradas do FCDF, do Fundeb e do FNDCT são “políticas”, pois a inclusão dos fundos nos limites do marco fiscal não traria prejuízos. No entanto, a posição e os cálculos citados por Cajado não são consensuais. O Governo do Distrito Federal (GDF) afirma que o Fundo do DF poderia sofrer perdas bilionárias caso incluído dentro do arcabouço.

O relator afirmou na reunião desta terça-feira que os temas específicos ficarão para a semana que vem, com a presença dos técnicos governistas. Ele citou que o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou existir um item “fundamental” no marco fiscal: a emenda assinada pelo senador Randolfe Rodrigues (Sem Partido-AP) que visa ampliar os gastos da União entre R$ 30 a R$ 40 bilhões.