Proibido de se comunicar com o ex-ministro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) disse que tentou “reconstruir pontes com o Judiciário” e que não entende o motivo pelo qual está sendo investigado no inquérito que apura os atos golpistas, em Brasília. A declaração foi dada em sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, nesta terça-feira (8/8).
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“A decisão fala em proibição de contato pessoal e individual. Nós estamos aqui num ambiente coletivo. Não me aproximei do ministro Anderson Torres e também não vou dirigir perguntas a ele, como mais uma forma de demonstrar o respeito pela decisão do ministro Alexandre de Moraes, apesar de não concordar com ela, que eu sequer sei a razão de eu estar num inquérito como esse do 8 de janeiro. A pessoa que tentou muitas vezes construir pontes com o Judiciário, mas a realidade do Brasil hoje é essa”, disse.
Na ocasião, Flávio Bolsonaro também afirmou que estava preocupado com o estado de saúde de Torres e que ele está “mais magro”. “Mas, pelo menos eu tenho aqui hoje, eu fiz questão de vir, porque eu precisava pelo menos olhar para o rosto do Anderson, que já queria ter ido há muito tempo, onde ele estivesse, ter ido dar um abraço, demonstrar minha solidariedade”, afirmou.
“Está bem mais magro. Eu confesso que fiquei preocupado várias vezes de que algo de pior acontecesse enquanto ele ainda não estava ainda na sua residência. Então é um alívio, Anderson, e eu queria vir aqui para que você ouvisse isso da minha boca, porque sou seu amigo”, completou.
Medidas de restrição
Anderson Torres ficou preso por 4 meses por suposta omissão diante dos atos golpistas de 8 de janeiro — que resultaram na depredação dos prédios dos Três Poderes. À época, ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Em maio, ele conseguiu o direito de cumprir em liberdade medidas alternativas à prisão, como o uso de tornozeleira eletrônica. A Justiça também determinou que ele precisa estar em casa após as 22h todos os dias e não sair da capital.
O ex-secretário também está proibido de se comunicar com os outros investigados no inquérito que investiga os ataques. Por isso, os senadores Flávio Bolsonaro e Marcos do Val (Podemos-ES) não puderam se dirigir a Torres na oitiva. Moraes considerou que há "conexão dos fatos em apuração e as investigações das quais os parlamentares fazem parte". Flávio Bolsonaro, que é membro suplente da comissão, marcou presença na sessão desta terça. Do Val, porém, desistiu de ser membro e foi substituído pelo senador Marcos Rogério (PL-RO).