O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que ouvirá pessoas de sua confiança para definir o sucessor do procurador-geral da República, Augusto Aras, e que a escolha é um "problema meu". Sem mencionar a Operação Lava-Jato, ele ainda fez referência a trabalhos mal conduzidos por integrantes do Ministério Público.
"Vou escolher com mais critério, com mais pente fino para não cometer um erro. Não quero escolher alguém que seja amigo do Lula. Eu quero escolher alguém que seja amigo deste país, alguém que goste desse país, alguém que não faça denúncia falsa", disse Lula. O chefe do Executivo comentou a escolha do futuro PGR no programa Conversa com o Presidente, transmitido nesta terça-feira.
Lula já havia afirmado anteriormente que não pretende observar critérios tradicionais, como a lista tríplice elaborada pela cúpula do Ministério Público Federal e enviada ao Palácio do Planalto. No programa desta terça-feira, ele considerou normal haver muita expectativa em relação à nomeação de autoridades da República, mas ele se disse habituado a esses processos.
"As pessoas já estão preocupadas com a Procuradoria-Geral da República, com o novo membro da Suprema Corte, isso é uma naturalidade. Ninguém neste país tem mais experiência de escolher procurador do que eu, porque já escolhi três", frisou.
E emendou: "Eu vou escolher no momento certo, na hora certa, vou ouvir muita gente. Vou atrás de informação de pessoas que eu penso. Vou discutir se é homem, se é mulher, se é preto, se é branco. Tudo isso é um problema meu, que está dentro da minha cabeça, e quando eu tiver um nome, eu indico, é simples assim".
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Recondução
Existe um movimento em torno do presidente Lula para que o atual ocupante do cargo, Augusto Aras, seja reconduzido para mais um mandato. Caso a decisão se confirme, será a terceira gestão de Aras à frente do Ministério Público. A Constituição não impõe um limite para as reconduções do procurador-geral da República. O atual mandato de Aras se encerra em 26 de setembro.
De acordo com fontes no Planalto, o chefe da PGR é elogiado por sua atuação em relação à Lava-Jato. Ele atuou para desmobilizar as equipes na modalidade de forças-tarefas e criticou as ações acusadas de criminalizar a política. O nome de Aras não foi descartado pelo chefe do Executivo, mas ele também tem sido alertado de que a escolha pode trazer enorme desgaste entre os eleitores.
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