O ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, e o seu pai, general Lorena Cid, contrariam a estratégia do silêncio adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, e respondeu por mais de 10 horas aos questionamentos da Polícia Federal (PF) em depoimento nesta quinta-feira (31/8) na sede do órgão em Brasília. A oitiva, relacionada à investigação da venda irregular de joias nos Estados Unidos. O militar deixou a PF depois das 21 horas.
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Mesmo sem a divulgação do teor das declarações da família Cid, fontes reservadas da PF, dizem que Mauro Cid teria fornecido aos investigadores informações novas, desconhecidas dos investigadores até agora, devendo levar a apuração para novas linhas de investigação, que serão confirmadas com novas diligências e oitivas nas próximas semanas. Com as novas informações, a PF deve tratar com muito sigilo o depoimento do militar com o objetivo de não atrapalhar novas diligências.
As mesmas fontes confirmaram que o militar negociou os termos da oitiva, não estando descartado a celebração de um acordo de delação premiada. Preso em um batalhão do Exército desde o dia 3 de maio, Cid foi o primeiro a chegar. O carro com o militar e a escolta chegou na sede da PF por volta das 9h10, enquanto os outros investigados chegaram pouco antes das 11h, horário agendado para as oitivas. Dessa forma Mauro Cid passou mais de 10 horas depondo e mais de 12 horas dentro da sede do órgão.
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A estratégia da oitiva simultânea — semelhante a uma acareação, mas que não confronta os investigados entre eles — busca questionar os interrogados ao mesmo tempo, em salas separadas, evitando assim que possam combinar as versões.
Enquanto a família Cid falou por horas com a PF, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten e o assessor, coronel Marcelo Câmara optaram por permanecer em silêncio.
A defesa de Bolsonaro e Michelle informaram, em nota, que eles permaneceram em silêncio durante o depoimento e que só "prestarão um depoimento" quando o caso for remetido ao juízo competente, no entendimento da defesa é a primeira instância da justiça Federal de São Paulo. Para os advogados que representam Bolsonaro, o Supremo Tribunal Federal (STF), que dirige o inquérito que investiga o caso das joias sauditas, não seria a instância competente para o caso.
Os quatro deixaram o prédio da PF pouco mais de uma hora após chegar. O ex-presidente, assim como os demais envolvidos, saíram pela garagem do prédio sem dar declarações.
"Considerando o respeito às garantias processuais, a observância ao princípio do juiz natural, corolário imediato do devido processo legal, os peticionários optam, a partir deste momento, por não prestar depoimento ou fornecer declarações adicionais até que estejam diante de um juiz natural competente", disse a nota assinada pelos advogados Paulo Amador Bueno e Daniel Tesser.
São Paulo
O advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, envolvido com a recompra do relógio Rolex nos Estados Unidos, deixou o prédio da superintendência regional da PF, na capital paulista, depois de 4 horas. Segundo fontes da PF, ele respondeu às perguntas dos policiais em uma oitiva que contou com a participação dos investigadores de Brasília através de uma videoconferência.
Antes, ao chegar para o depoimento, Wassef falou com os jornalistas e disse que era vítima de "fake news". Ele criticou a imprensa e disse não ter cometido nenhuma irregularidade no caso das joias recebidas como presentes de governos estrangeiros pelo então presidente Jair Bolsonaro.
"Eu tenho sido vítima de uma campanha covarde de fake news. Estou absolutamente tranquilo. Jamais cometi qualquer irregularidade ou ilícito. Infelizmente, eu tenho sido perseguido no (âmbito) pessoal por alguns jornalistas", disse o advogado.
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