O depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, nesta quinta-feira, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) é um dos mais esperados pela oposição. Os parlamentares alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentam emplacar a narrativa de omissão do governo petista frente aos ataques às sedes dos Três Poderes.
G.Dias, como é conhecido, se tornou peça central para a oposição porque vídeos de câmeras de segurança do Palácio do Planalto registraram o então ministro interagindo com os vândalos no dia da depredação. O requerimento para a oitiva dele foi aprovado no colegiado em junho.
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Em um primeiro momento, o pedido foi rejeitado na comissão, mas os senadores Sergio Moro (União-PR), Izalci Lucas (PSDB-DF) e Magno Malta (PL-ES), assim como os deputados Delegado Ramagem (PL-RJ), Rafael Brito (MDB-AL), Marco Feliciano (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) voltaram a apresentar a solicitação.
Os parlamentares argumentaram haver a necessidade de esclarecimentos, entre outros pontos, sobre os alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), emitidos aos órgãos e às autoridades competentes, a respeito do risco de ataques golpistas. O militar também será questionado a respeito do pedido encaminhado ao ex-diretor da Abin Saulo Moura Cunha para que seu nome fosse retirado da lista de alertas da inteligência.
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O advogado de G.Dias, André Callegari, recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de habeas corpus para que o ex-ministro seja ouvido como investigado, e não testemunha, como a CPMI o classifica. Assim, ele teria o direito de permanecer em silêncio em perguntas que possam incriminá-lo. A solicitação foi atendida pelo ministro Cristiano Zanin. "Mas vamos responder dentro dos limites dos fatos relativos ao dia 8 (de janeiro)", frisou o defensor.
A expectativa de parlamentares da oposição é de que o depoimento de Gonçalves Dias abra caminho para outro alvo no governo federal: o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Ele vem sendo pressionado pelo colegiado a entregar as imagens de segurança do Ministério da Justiça gravadas no 8 de janeiro, mas alega que o material não existe mais porque, contratualmente, as filmagens são excluídas após 15 dias.
"A Polícia Federal veio aqui e recolheu o que precisava. Só soube agora quais imagens a PF recolheu. Eu não conheço o inquérito, está tudo sob sigilo”, disse o ministro nesta quarta-feira. "(O secretário-executivo da pasta, Ricardo) Cappelli está buscando fontes possíveis, outras fontes, para tentar ter mais imagens. Mas são absolutamente irrelevantes para a investigação. Se aparecerem, serão enviadas, não temos nada a esconder", completou.
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