O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta sexta-feira (25/8), o que chamou de "indiferença" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação aos países africanos. A declaração ocorreu durante o conselho de ministros, em Luanda, na Angola.
"A vinda a Angola simboliza o retorno do Brasil à África. Nos últimos anos, o Brasil tratou os países africanos com indiferença. Pela primeira vez desde a redemocratização, tivemos um presidente que não fez nenhuma visita à África. Embaixadas brasileiras foram fechadas. A cooperação foi abandonada. Deixamos de atuar juntos nos foros internacionais", disse Lula, comprometendo-se a "corrigir erros e alçar a parceria estratégica a um novo patamar", apontou.
O petista ressaltou que os erros de diplomacia serão "corrigidos". "Vamos alçar nossa parceria estratégica a um novo patamar. O Brasil quer apoiar Angola no esforço de diversificar sua economia. Nosso comércio pode ser mais amplo e diverso. O intercâmbio bilateral caiu drasticamente a partir de 2015, mas só no primeiro semestre deste ano já cresceu quase 65% em comparação com o mesmo período de 2022", alegou.
Lula emendou ainda que a Angola tem condições de se tornar um polo da Embraer. "A aquisição de aeronaves, como o KC390 e a revitalização da frota de Tucanos e Super Tucanos trariam transferência de tecnologia. A indústria naval brasileira pode apoiar a modernização da Marinha angolana."
Em declaração à imprensa, o presidente destacou a ampliação de laços com o continente.
"O Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de Angola, e de lá para cá todos os governantes deram atenção a Angola. Apenas nos últimos tempos, quando o país foi tomado pelo ódio, pela fake news e pela mentira, por um presidente que não gostava de ninguém, Angola foi esquecida", completou.
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"O Brasil vai voltar ao continente africano. Quero visitar o máximo de países que puder visitar, fazer o máximo de acordos que puder fazer, contribuir com transferência de tecnologia onde puder contribuir. Angola sempre será nossa porta de entrada nesse continente", finalizou.
Os governos do Brasil e de Angola assinaram sete acordos de cooperação em diversas áreas. A cerimônia ocorreu no Palácio Presidencial em Luanda. Foram assinados acordos e memorandos técnicos nas áreas de defesa, turismo, saúde, educação, agricultura, apoio a pequenas e médias empresas, recursos humanos e exportações.
Um exemplo da cooperação em agricultura é o Programa de Desenvolvimento Regional do Vale do Cunene, região no sul de Angola que foi castigada pela seca nos últimos anos. A iniciativa, com participação da Embrapa, tem como objetivo ampliar a agricultura local com técnicas de plantio e irrigação semelhantes às que foram utilizadas no Vale do rio São Francisco, no Nordeste brasileiro.
Conheça a lista dos acordos assinados entre Brasil e Angola
- Acordo sobre o exercício de atividades remuneradas por dependentes de diplomatas, pessoal administrativo e técnico e militares que prestam serviços nos países;
- Memorando de entendimento entre para cooperação no setor do turismo sustentável;
- Projeto de cooperação entre os ministérios da Saúde dos países para diagnóstico e tratamento da hanseníase;
- Memorando de entendimento sobre cooperação agrícola entre os ministérios da Agricultura brasileiro e angolano;
- Projeto de cooperação "Escola de Todos", para o estabelecimento da terceira fase do programa;
- Memorando sobre apoio a micro e pequenas empresas, assinado pelo Sebrae com o Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequena e Médias Empresas (Inapem) de Angola;
- Memorando sobre promoção da exportação entre a APEX e a Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX) de Angola.
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