O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas do 8 de janeiro, o deputado Arthur Maia (União-BA), afirmou, nesta quinta-feira (24/8), que neste momento de “afunilamento” das investigações do colegiado, a ideia é que haja um consenso entre os membros governistas e de oposição para definir os depoimentos mais importantes, já que a expectativa é que sejam 12 reuniões até o encerramento em 17 de outubro, com o relatório final da senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
“A minha ideia é que a gente faça um acordo de procedimento entre governo e oposição que possa identificar quais são os depoimentos mais importantes e fecharmos esse período de depoimento”, explicou ele. “Vamos aprovar apenas os requerimentos daqueles que efetivamente serão ouvidos”.
Em relação aos requerimentos que aguardam análise e envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle, Maia apontou que dependerá das oitivas.
“Se durante um desses depoimentos for suscitada uma nova colocação, uma nova afirmação que suscite uma nova solicitação de documentos, isso é normal”, declarou o presidente da CPMI.
Clima tenso na CPMI pode impedir acordo
A conciliação que Arthur Maia busca para essa fase final da comissão pode não ser atingida. Durante essa semana, a CPMI foi marcada por desentendimentos e gritos. Na terça, a sessão foi cancelada após uma reunião tensa com desentendimentos entre o deputado Marco Feliciano (PL-SP) e a relatora Eliziane.
Hoje (24/8), mais uma vez, Feliciano se envolveu em outro bate boca, desta vez com a deputada Laura Carneiro. Depois, o parlamentar citou Eliziane Gama em uma reclamação direcionada ao presidente da CPMI e foi respondido pela senadora, que o chamou de “uma pessoa abjeta e misógina”.
“O senhor foi para as redes sociais tripudiar sobre o que disse a meu respeito. Eu apenas refutei sua fala, pois era a sua versão que seria disseminada nas redes sociais. Desde o primeiro dia desta Comissão, o senhor me provoca, me lança olhares repletos de ódio [...] o senhor se tornou uma pessoa abjeta, misógina. O tratamento que o senhor dispensa às mulheres nesta casa é surreal. O senhor elevou o tom comigo na última reunião, e eu elevei o tom porque confrontei o senhor, assim como o senhor já discutiu com várias outras mulheres nesta Comissão", rebateu a relatora.
"Eu quero lhe dizer, pastor, que eu aprendi a respeitar o pastor como autoridade, sabe por quê? Porque quando chegarmos ao céu, a sua responsabilidade diante de Deus será maior que a nossa, já que o senhor usa um templo, uma tribuna da igreja, o senhor é um pastor. Porém, como o senhor me disse na última reunião, não vou mais lhe chamar de pastor, pois o senhor solicitou que não o fizesse e, de fato, o senhor não merece tal título. O senhor não merece, sabe por quê? Porque um verdadeiro pastor não é movido por ódio, um verdadeiro pastor não olha para as pessoas com o olhar que o senhor lança sobre esta mesa. Suas tentativas de intimidação não me afetam, Marco Feliciano”, completou Eliziane.
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