A confiança nas Forças Armadas entre eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que o apoiaram no segundo turno das eleições do ano passado caiu de 61% para 40%. A constatação é da pesquisa Genial/Quaest publicada nesta segunda-feira (21/8) no jornal O Globo.
Ainda neste grupo, o percentual dos que dizem “não confiar” na instituição subiu de 7% para 20% desde dezembro e entre os que declaram “confiar pouco” houve um aumento de sete pontos percentuais, saindo de 31% para 38%.
Apoio frustrado
No período em que essa comparação foi feita, houve registros de pedidos de golpe militar feitos por parcelas do eleitorado de Bolsonaro. Parte desses apoiadores acampou em frente a quartéis do Exército após a derrota do ex-presidente na eleição de outubro, na esperança de mobilizar os militares para uma ação que revertesse o resultado do pleito.
Em 8 de janeiro deste ano, parte desse grupo invadiu os prédios do Congresso, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto. Após o episódio, o ministro da Defesa, José Múcio, demitiu o comandante do Exército, general Júlio César Arruda, e promoveu em seu lugar o general Tomás Paiva.
Embora a instabilidade permeasse o clima político, as tentativas de golpe foram fracassadas e não houve endosso oficial do alta comando das Forças Armadas à quebra da democracia.
De acordo com o diretor da Quaest Pesquisas, Felipe Nunes, essa queda na confiança dos militares entre os eleitores de Bolsonaro ocorreu por causa de um sentimento de frustração. "Na minha avaliação, algum tipo de frustração sobre alguma expectativa que havia entre esse segmento", avaliou.
Brasileiros
Assim como os eleitores de Jair Bolsonaro, a confiança dos brasileiros nas Forças Armadas também registrou queda desde o fim do ano passado.
Conforme a pesquisa, entre dezembro de 2022 e agosto deste ano, o índice de pessoas que disseram "confiar muito" nos militares passou de 43% para 33%. A soma dos que declaram “confiar pouco” ou “não confiar” na instituição subiu de 54% para 64% no período.
Evangélicos
Além da pesquisa indicar a queda na confiança das Forças Armadas entre os eleitores de Bolsonaro e entre os brasileiros em geral, o levantamento Genial/Quaest constatou essa redução também entre os evangélicos. Nesta parcela, a taxa dos que “confiam muito” nas Forças Armadas caiu de 53% para 37% em oito meses.
No Norte e no Centro-Oeste, regiões onde o ex-presidente teve mais votos que Lula no segundo turno, esse percentual foi de 46% para 32% no período.
Pesquisa
A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.029 pessoas entre os dias 10 e 14 de agosto. A margem de erro máxima estimada é de 2,2 pontos percentuais. A Genial/Quaest também avaliou a confiança dos brasileiros na Polícia Militar, nas igrejas evangélicas e católicas, no Supremo Tribunal Federal (STF), no Congresso Nacional e nos partidos políticos.
No comparativo das instituições, apenas a crença nas Forças Armadas caiu. Confira o gráfico da pesquisa publicado no perfil do Twitter de Felipe Nunes:
4/ No comparativo, apenas as forças armadas viram sua confiança cair. As outras instituições mantiveram seus patamares praticamente estáveis. pic.twitter.com/nSTay7LKJz
— Felipe Nunes (@profFelipeNunes) August 21, 2023
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