A defesa da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) negou, nesta quarta-feira (16/8), que a parlamentar tenha repassado qualquer valor ao hacker Walter Delgatti Neto — que a acusou de pagar R$ 40 mil para que ele invadisse os sistemas do Poder Judiciário. Por meio de nota, o advogado Daniel Bialski, que representa a bolsonarista, também informou que só irá se manifestar sobre o caso após ter acesso à íntegra dos autos, inclusive em relação ao depoimento do hacker.
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"A defesa da deputada Carla Zambelli reitera que somente se manifestará após integral conhecimento do conteúdo dos autos — o que ainda não aconteceu, inclusive de referido depoimento, porém reforça e rechaça qualquer acusação de prática de conduta ilícita e imoral pela parlamentar, inclusive, negando qualquer tipo de pagamento ao mencionado hacker", diz o comunicado.
Delgatti Neto disse à Polícia Federal que recebeu R$ 40 mil de Zambelli para invadir qualquer sistema do poder Judiciário. Preso desde o início de agosto, ele prestou depoimento, nesta quarta-feira, por três horas, na sede da corporação, em Brasília. Segundo o advogado Ariovaldo Moreira, que representa o investigado, foram apresentadas novas provas para comprovar a versão.
"Ele faz provas de que recebeu valores da Carla Zambelli. Segundo o Walter, o valor chega próximo a R$ 40 mil. Se não me falha a memória, foi próximo a R$ 14 mil em depósito bancário e o restante, em espécie. [Para] invadir qualquer sistema do Judiciário", afirmou o jurista aos jornalistas após o depoimento. De acordo com ele, Delgatti apresentou provas "relacionadas a pagamentos que recebeu da deputada".
O advogado informou que o hacker manteve a mesma versão do depoimento anterior à corporação, em São Paulo, no início deste mês. Questionado sobre a possibilidade de Walter Delgatti fechar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, Ariovaldo Moreira disse que, “neste momento”, não há nenhum avanço nesse sentido.
Suspeita de interferência
Delgatti Neto está preso desde 2 de agosto, por ser alvo da operação da Polícia Federal que apura a suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Ele ficou conhecido por hackear trocas de mensagens do ex-juiz da Operação Lava-Jato Sérgio Moro (União-PR), hoje senador, e do ex-procurador da República e deputado cassado Deltan Dallagnol. Na operação de agosto, a PF também fez buscas em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli. Delgatti havia afirmado aos investigadores que a bolsonarista pediu para que ele invadisse as urnas eletrônicas, além da conta de e-mail e telefone do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O homem também informou à Polícia Federal que se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em agosto de 2022, por intermediação de Zambelli. Na ocasião, ele afirmou que o ex-chefe do Executivo questionou se era possível invadir o sistema de votação do TSE.
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