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Lula avisa à militância que é preciso conviver com Lira

Diante do presidente da Câmara, no lançamento da nova versão do PAC, petista ressalta a necessidade de manter um relacionamento respeitoso para a aprovação dos projetos que interessam ao governo

Ingrid Soares
postado em 12/08/2023 03:55
Lira na posse de Celso Sabino no Ministério do Turismo. À espera da reforma -  (crédito: Joédson Alves/Agência Brasil)
Lira na posse de Celso Sabino no Ministério do Turismo. À espera da reforma - (crédito: Joédson Alves/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, ontem, um afago no presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Ainda sem ter realizado a reforma ministerial cobrada pelo Centrão, para concretizar o apoio do bloco parlamentar ao governo, Lula aproveitou a presença de Lira no evento para lembrar que estava diante de um adversário político com o qual é preciso ter bom relacionamento por conta da votação de projetos de interesse do Palácio do Planalto.

"Lira é nosso adversário político desde que o PT foi fundado. É nosso adversário e vai continuar sendo. Nós temos momentos de campanha em que vamos nos xingar, falar mal um do outro. Mas quando termina a eleição, e cada um assume seu posto, ele não está aqui como Lira. Está aqui como presidente de uma instituição da qual o Poder Executivo precisa mais do que ela do Executivo", frisou.

Lula recorreu às lembranças dos tempos de sindicalismo para justificar a necessidade de dialogar. "Eu é que mando os projetos feitos pelos ministros, pela sociedade. Eu é que preciso dele para colocar em votação. É como nós, dirigentes sindicais. A gente passa a semana inteira na porta da fábrica xingando o patrão, mas quando a gente senta para conversar, senta de forma civilizada — e a gente quer que ele atenda nossa reivindicação. É esse comportamento que temos que ter para poder consolidar o processo democrático nesse país. É a convivência democrática na adversidade", destacou.

Ele repreendeu a plateia que vaiou a presença de Lira e do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Defendeu que é preciso ter civilidade, pois ambos eram convidados do governo.

Reforma ministerial

Com o retorno a Brasília no final da tarde de ontem, a expectativa é de que Lula se debruce, neste final de semana, para ajustar a reforma ministerial. Há dias o Centrão vem pressionando para que os deputados André Fufuca (MA), líder do PP na Câmara, e Silvio Costa Filho (PE), do Republicanos, sejam confirmados no primeiro escalão do governo. O problema é que o presidente não pretende fazer alterações nas pastas e nos cargos em estatais pretendidos pelo bloco manejado por Lira. Os dois parlamentares, porém, se reuniram, há poucos dias, com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que confirmou a entrada de ambos no governo.

Depois de ter afirmado, em uma das últimas edições do Conversa com o Presidente, que "não é o partido que pede ministério, é o presidente que oferece". Mas, nesse período que passou no Rio, atenuou o discurso.

"Quem está na Presidência não pode ter ressentimento. Tem gente que acha que o Congresso só tem gente que não presta. O Congresso é a cara da sociedade brasileira", disse, na inauguração das obras da nova sede do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, no Porto Maravilha, zona portuária da capital fluminense.

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