O projeto de lei do marco temporal na demarcação de terras indígenas (PL 2.903/2023), já aprovado na Câmara, está na pauta da próxima quarta-feira (16/8) da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal. A relatora no colegiado, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), deve apresentar um parecer favorável à medida.
O relatório apresentado na terça (8/8) demonstrou que a parlamentar manteve o marco temporal da data da promulgação da Constituição – 5 de outubro de 1988 – como limite para a demarcação de territórios. Ou seja, somente as etnias que estivessem em suas terras até esta data, podem exigir a demarcação.
- Paulo Paim será relator da atualização da lei de cotas no Senado
- Lula: Lira é nosso adversário, mas preciso dele para votar projetos
- "PP não está negociando cargos", diz Ciro Nogueira
Segundo Thronicke, adotar o marco temporal como critério para demarcação atende ao que a Constituição determina e ao entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em 2013, considerou constitucional a demarcação contínua da Terra Indígena Raposa Terra do Sol, em Roraima.
“Acreditamos que a aprovação do PL 2.903/2023 corresponderá, por uma parte, à solução mais adequada para viabilizar a resolução das questões legais e constitucionais envolvendo demarcação de terras indígenas no Brasil, e, por outra, à melhor forma para garantir previsibilidade, segurança jurídica e desenvolvimento ao país”, defendeu a senadora.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), apontou que é preciso ter cautela em relação ao tema. “Isso não depende do governo. A Casa tem o direito de legislar independentemente do Supremo. Vamos aguardar a versão do Supremo também. Esse é um tema sempre candente. Não é muito fácil. Há muitas paixões; às vezes não caminha pelo caminho da racionalidade”.
A medida ainda deve passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), antes de ser apreciada no plenário da Casa Alta. Senadores de oposição, no entanto, protocolaram requerimento pedindo urgência para a matéria, o que levaria o texto a ser votado diretamente no plenário. O pedido, encabeçado pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), não foi analisado.
No STF, a questão se arrasta desde 2021 e, atualmente, o placar está em 2 a 1. O relator do caso no Supremo, ministro Edson Fachin, é contra a medida, assim como Alexandre de Moraes. Kássio Nunes Marques votou a favor da tese.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores.