O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques presta depoimento à Polícia Federal (PF) na tarde desta quinta-feira (10/8), em Brasília. Ele está sendo ouvido sobre a acusação de que tentou interferir no resultado das eleições de 2022.
Silvinei foi preso ontem por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele passou a noite na Superintendência da PF no Setor Policial Sul. No começo da tarde foi levado para a sede da corporação e, após a oitiva, deve ser encaminhado para o Complexo Penitenciário da Papuda.
Silvinei foi alvo da operação Constituição Cidadã, que investiga uma suposta interferência da PRF nas eleições gerais. Sobre ele, pesam graves acusações de ter tentado alterar o resultado do pleito tentando impedir, por meio de blitze no Nordeste, que eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegassem aos locais de votação.
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As investigações começaram após eleitores denunciarem um aumento de operação no dia 30 de outubro do ano passado, quando ocorreu o segundo turno das eleições gerais. Na ocasião, vídeos e fotos de barreiras montadas pela corporação em redutos eleitorais de Lula correram a internet e geraram reações de diversos políticos eleitos ou que estavam se candidatando. Na época, ele chegou a ser chamado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, para se explicar.
Houve a especulação de que ele poderia ser preso no mesmo dia. Moraes determinou, na ocasião, a interrupção das blitze e minimizou os efeitos, afirmando que os dados eleitorais mostraram que não houve aumento de abstenção entre os eleitores de todo o país. No entanto, nos últimos meses, a PF identificou diversas mensagens, trocadas em outubro entre Silvinei e outros integrantes da PRF, além de documentos e reuniões que corroboram com a tese de que foi montado um esquema para tentar impedir o direito ao voto e interferir no resultado das eleições gerais.
Milhões de votos
Uma planilha encontrada pela Polícia Federal revela o mapeamento dos votos do presidente Lula nas eleições de 2022. As anotações citam pelo menos 7 milhões de votos em cidades que seriam afetadas por blitze da PRF no segundo turno do pleito. As informações, que ajudaram a fundamentar a prisão de Silvinei Vasques, tinham como base os resultados do primeiro turno.
Com base na votação de 5 de outubro, as ações da PRF, de acordo com as investigações, miravam cidades onde Lula teria mais votos no Nordeste. A planilha foi enviada ao ministro Alexandre de Moraes, que aceitou o pedido de prisão contra Vasques. Três fotos foram encontradas no celular da delegada Marília Alencar com dados da votação. De acordo com a decisão de Moraes, uma das fotos foi tirada de uma folha de papel com o título "concentração maior ou igual a 75% - Lula".
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