A deputada Carla Zambelli (PL-SP) está processando o jornalista negro Luan Araújo por difamação. Ele foi perseguido por Zambelli, com uma arma, na véspera do segundo turno das eleições do ano passado. A deputada apresentou uma queixa-crime contra o jornalista, após ele publicar um texto no site Diário do Centro do Mundo em que critica a deputada bolsonarista.
"Zambelli, que diz estar com problemas, na verdade está na crista da onda. Continua no partido pelo qual foi eleita, segue com uma seita de doentes de extrema-direita que a segue incondicionalmente e segue cometendo atrocidades atrás de atrocidades", diz um trecho da publicação.
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Luan afirma, ainda, no texto que sofreu “diversos ônus desde aquele dia” e que teve a vida particular virada “de cabeça para baixo”. Os advogados de Zambelli destacaram um trecho em que o jornalista ressalta que para ela, “uma mulher branca com conexões com pessoas poderosas, foi apenas mais um espaço para fazer o picadeiro clássico de uma extrema direita mesquinha, maldosa e que é mercadora da morte”.
O juiz da Vara do Juizado Especial Criminal de São Paulo, Fabrício Reali Zia, pediu que fosse realizada uma audiência preliminar para analisar o caso, discordando do entendimento do Ministério Público (MP) de rejeitar a ação. O magistrado solicitou que o texto seja removido em 48 horas a partir da notificação de Luan Araújo.
O juiz escreveu na decisão da última sexta-feira (28/7) que há um “excesso de linguagem na matéria jornalística”. "Trata-se de acusações que, em tese, ferem a honra subjetiva e objetiva da querelante e, portanto, neste momento processual, ultrapassam os limites da narração crítica acerca de um desentendimento ocorrido entre as partes."
STF julga Zambelli em agosto
A defesa de Carla Zambelli, Daniel Bialski, afirmou que a deputada, na ocasião da perseguição, foi “ofendida, provocada e xingada”. “Essas ofensas e difamações não cessaram e essa queixa-crime quer fazer cessar esse discurso de ódio contra ela.”
Em dezembro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, determinou que Zambelli entregasse a pistola que usou para perseguir Luan, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Ela entregou uma semana após a decisão, no dia 27 de dezembro, tanto a pistola quanto as munições na Superintendência da Polícia Federal (PF) em São Paulo. O STF irá julgar em agosto se a deputada se tornará réu por perseguição armada.