O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar a agenda multilateral deste mês para estreitar as relações com a África. Ele acertou, inclusive, uma visita oficial a Angola, país de língua portuguesa que mantém uma histórica relação com o Brasil.
Em Luanda, Lula tentará desfazer o mal-estar provocado pelo cancelamento da reunião bilateral que teria com o presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, em Brasília, no dia seguinte à posse, no Palácio do Planalto — um dos 17 chefes de Estado que prestigiaram a volta do petista à Presidência. A reunião bilateral estava acertada pela diplomacia dos dois países, mas foi desmarcada na última hora, quando Lourenço e sua comitiva oficial já se encaminhavam ao Palácio do Itamaraty. Irritado, o líder angolano decidiu antecipar a volta à Luanda, cancelando uma esticada que daria até Trancoso (BA).
Lula também pretende ir à cimeira dos países lusófonos, em São Tomé e Príncipe, nação insular que assumirá a presidência pro-tempore da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), substituindo, justamente, Angola. A reunião está marcada para 27 de agosto, logo depois da Cúpula do Brics.
Cooperação
Do ponto de vista dos interesses geopolíticos do Brasil, a turnê na África será não só mais uma oportunidade para Lula reafirmar a posição do Brasil em relação a temas que mobilizam a agenda global, como para reaproximar o país de seus parceiros africanos, abandonados pelo governo de Jair Bolsonaro, que não fez nenhuma visita ao continente em quatro anos de mandato.
A analista Mariana Cofferri concorda que a reunião da Cúpula do Brics vai servir, também, para que os países do grupo reforcem os projetos de cooperação Sul-Sul. "A África do Sul, por exemplo, vive uma crise institucional, e a participação deste país no bloco busca alcançar maior inclusão internacional, a fim de mascarar problemas internos. Ao manter a visita presidencial brasileira na reunião sediada lá, Lula indica seu apoio ao processo de reinserção sul-africana na comunidade internacional", disse ela.
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