O Ministério Público Militar (MPM) deu um prazo de 10 dias para que o Comando do Exército explique a orientação para que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, comparecesse fardado ao seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques terroristas de 8 de janeiro.
A decisão foi do procurador-geral de Justiça Militar, Clauro Roberto de Bortolli, em resposta à solicitação de informações protocolada pela deputada federal Luciene Cavalcante (PSol-SP). A parlamentar argumentou que o uso da farda por Mauro Cid, durante depoimento como testemunha por envolvimento em um crime, acaba "maculando a imagem da instituição".
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Luciene disse ainda que o requerimento de convocação aprovado pela CPMI não envolve o Exército na justificação, não havendo motivo, portanto, para a orientação do uso da farda. O procurador acatou o pedido, e deu o prazo de dez dias para que o Comandante do Exército, General Tomás Paiva, esclareça a orientação dada pela Força.
Suspeito de envolvimento em atos golpistas
Cid prestou depoimento à CPMI no dia 11 de julho, e apareceu fardado na sessão. Logo depois, o Exército emitiu uma nota informando que o tenente-coronel foi orientado pelo Comando do Exército a usar a farda, "pelo entendimento que o militar da ativa foi convocado para tratar de temas referentes à função para a qual foi designado pela Força".
O ex-ajudante de ordens foi preso por suspeita de comandar um esquema de falsificação dos dados de vacinação de Jair Bolsonaro e de membros de sua família. Em seu celular, porém, a Polícia Federal encontrou minutas de decreto presidencial com intenções golpistas e conversas abertas sobre um golpe militar, por mensagem.