CÚPULA UE-CELAC

União Europeia fará todo o possível para acordo com o Mercosul, diz Von der Leyen

Ao lado de Lula, presidente da Comissão Europeia afirma que países da região farão todos os esforços para que o tratado negociado entre os dois blocos comerciais seja fechado rapidamente

Lisboa — A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, assegurou que a União Europeia está disposta a fechar um acordo com o Mercosul, que reúne Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, o quanto antes. Ela afirmou que a assinatura do tratado comercial, que vem sendo discutido há duas décadas, trará benefícios para as duas regiões, com mais empregos e melhor qualidade de vida. “Queremos trabalhar de mãos dadas com nossos parceiros da América Latina, e isso será possível se conseguirmos concluir o acordo entre a UE e o Mercosul”, disse Von der Leyen ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois tiveram um encontro na manhã desta segunda-feira (17/7), antes da abertura da reunião de cúpula entre a União Europeia e a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).

O acordo havia avançado no ano passado, mas acabou atropelado por uma side litter (carta complementar) encaminhada pela União Europeia ao Mercosul com uma série de condições para a assinatura final do documento. Entre elas, punições para os países em caso de desmatamento. O Brasil e os parceiros do bloco sul-americano viram essas condições como ameaças e levantaram o tom nas discussões. Lula afirmou que não há como aceitar esse tipo de intimidação entre parceiros. Von der Leyen afirmou que a ambição é de que quaisquer diferenças em ambos os lados sejam superadas o quanto antes. O mesmo assegurou o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanches. O país assumiu a presidência rotativa da UE, assim como o Brasil, no comando temporário do Mercosul.

Dimensão histórica

A presidente da Comissão Europeia destacou que a presença de Lula na reunião de cúpula entre a UE e a Celac tem uma dimensão histórica. “Dou-lhe as boas-vindas e saúdo o ressurgimento do Brasil como grande ator no cenário global. Isso vem em boa hora e já tem um impacto positivo para a parceria estratégia entre as duas regiões”, frisou. Ela ressaltou, ainda, que a primeira reunião entre os representantes das da União Europeia e da América Latina depois de oito anos ganha um peso muito especial. “O mundo, sem dúvidas, mudou muito nesse período, passamos por uma pandemia global, temos uma grande guerra em território europeu e enfrentamos um desafio monumental com as mudanças climáticas. Por isso, precisamos dos nossos amigos próximos do nosso lado nesta época de tantas incertezas”, acrescentou.

Segundo Von der Leyen, a União Europeia vai ampliar aos investimentos na América Latina e no Caribe, de forma a gerar mais crescimento econômico na região, com mais empregos e renda, cujos benefícios também serão sentidos do outro lado do Atlântico. “Nós queremos trabalhar de mãos dadas com vocês para lidarmos com os grandes desafios do nosso tempo e discutir como conectar mais os nossos povos e as nossas empresas, reduzir os riscos, reforçar e ampliar as cadeias de abastecimento, fortalecer as economias, reduzir as desigualdades sociais e dar benefícios a todos. Tudo isso será possível se conseguirmos concluir o acordo UE-Mercosul. Queremos ser um parceiro que possa chegar a um acordo que dê benefícios a todos”, assinalou.

Ricardo Stuckert/ PR -
Ricardo Stuckert/ PR -
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Transição energética

Lula afirmou ser muito produtivo o regresso a uma cúpula da União Europeia. “Nosso país ficou seis anos afastado de qualquer atividade de política internacional, menosprezando a importância do que significa relações diplomáticas e comércio exterior”, frisou. Ele destacou que há uma atividade econômica intensa no Brasil hoje, que pode ser compartilhada com parceiros da UE, do Mercosul, da América Latina e do Caribe. “E queremos compartilhar com a União Europeia não apenas as questões econômicas, mas também as discussões sobre as questões climáticas”, emendou.

O líder brasileiro disse que o Brasil tem enorme potencial para liderar o processo de transição energética no mundo. “Esse é um assunto que é de interesse da União Europeia e do Brasil. No projeto de desenvolvimento do Brasil, que será apresentado em agosto, terá um grande destaque para a transição energética, o maior projeto de um país em desenvolvimento”, enfatizou. Lula afirmou também que há um “compromisso de fé” com o desmatamento zero da Amazônia até o fim de 2030. “Queremos que, nesse debate, a União Europeia entenda que investir na Amazônia Sul-americana, com 50 milhões de habitantes, é importante”, completou.

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