O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), apresentará pedidos de quebra dos sigilos fiscal, bancário e de dados de Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó dos Bitcoins”, e da esposa dele, a venezuelana Mirelis Yoseline Diaz Zerpa.
“Para conhecermos todos os dados que o depoente não pode expor. Diversos dados já estão disponíveis nas investigações da Polícia Federal (PF), à qual pediremos o compartilhamento de provas com a CPI”, disse Ribeiro nesta quarta-feira (12/7).
Glaidson Acácio dos Santos, que depôs ao colegiado nesta quarta, foi preso preventivamente durante a primeira fase da Operação Kryptos, deflagrada pela PF em agosto de 2021. O esquema movimentou cerca de R$ 38 bilhões de pessoas físicas e jurídicas no país e no exterior, com a promessa de ganhos de 10% ao mês com investimentos em criptomoedas. A esposa, sócia e comparsa do “faraó”, a venezuelana Meireles Yoseline Diaz Zerpa, está foragida.
- "Faraó do Bitcoin" tem 72 horas para depositar R$ 19 bi em conta judicial
- CPI das Pirâmides Financeiras ouve o ‘faraó dos bitcoins’ nesta quarta (12)
- ‘Faraó das Bitcoins’ diz à CPI que PF é culpada por prejuízo de investidores
Ao colegiado, Glaidson afirmou que não havia garantias aos investidores, somente “a experiência da empresa”. “Garantias reais, como os bancos oferecem, nós não oferecíamos. Nossa empresa tinha a garantia da nossa experiência”.
Ele contou que os contratos firmados com os investidores eram “invioláveis e irretratáveis” por 24 ou 36 meses, com o objetivo de garantir uma “estratégia operacional responsável”. Acácio explicou que os clientes não compravam criptomoedas, especificamente, mas sim os serviços dos traders, os negociadores da empresa, que investiam em criptoativos.
“Nossa empresa não pagava em criptoativos, a pessoa não tem criptoativo. Ela terceirizou o serviço (de compra e venda de criptoativos) em moeda corrente e recebia em moeda corrente, independente da valorização ou depreciação do bitcoin”, disse o “faraó”.
Ao ser perguntado pelo relator da CPI, Ricardo Silva (PSD-SP), se poderia informar quem eram os dez maiores clientes da GAS e o patrimônio estimado da empresa, Glaidson respondeu estar preso há dois anos e que não poderia responder, em respeito aos clientes, as vítimas do esquema.
Segundo a PF, o esquema operado pela GAS movimentou R$ 38 bilhões por meio de pessoas físicas e jurídicas no Brasil e no exterior. A promessa de retorno médio era de 10% ao mês. Mais de 127 mil investidores estão cadastrados para tentar recuperar R$ 9,3 bilhões perdidos em aplicações financeiras realizadas por meio da GAS, que teve a falência decretada pela Justiça em fevereiro deste ano.