O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava sendo ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, quando uma confusão generalizada se iniciou. A deputada Erika Hilton (PSol-SP) falava sobre o uso da farda por parte de Mauro Cid. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) interrompeu a fala de Érika para denunciar que o deputado Abílio Brunini (PL-MT) fez uma fala “homofóbica” enquanto a parlamentar fazia seu pronunciamento.
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“Ele disse que ela estava oferecendo serviços. Isso é homofobia”, denunciou. Brunini não negou ter feito a fala num primeiro momento. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) confirmou ter ouvido o comentário. Carvalho pediu a retirada do deputado do plenário. Deputados da oposição pediram provas de que Brunini fez a fala. O deputado André Fernandes (PL-CE) defendeu Brunini. “E se ele falou, presidente? A deputada mandou ele ir atrás de tirar a carência nos outros lugares”, questionou. Fernandes chegou a se exaltar com o presidente do colegiado, Arthur Maia (União-BA).
Maia decidiu pedir acesso às filmagens. “Se você falou, vai ter a leitura labial e vai ser fácil que isso seja identificado. Se vossa excelência de fato agiu dessa forma, vai ter uma penalidade contra o senhor”, disse. O presidente deixou a cargo da Polícia Legislativa o veredito. “Ela está aqui por uma vontade da população brasileira, como todos nós”, defendeu Maia.
“Não vou entrar nessa seara de baixo nível”, prosseguiu Érika Hilton, que pediu à presidência a garantia da segurança de sua fala. Segundo a deputada, ela se referia à “carência” porque Brunini “tumultuou” outras oitivas. “Em todas as sessões o deputado parece querer chamar a nossa atenção, e isso parece um comportamento baseado na psicanálise, e não em questões de sexualidade, que é a única coisa que parece ter na cabeça dessa gente”, argumentou Érika.
A Comissão ouve hoje o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O militar informou que fará uso do seu direito ao silêncio. Ele foi convocado a prestar depoimento à CPMI que investiga o 8 de janeiro por conta de uma troca de mensagens de teor golpista com o coronel Jean Lawand Junior — que depôs à CPMI em 27 de junho.
Cid está preso desde 3 de maio por suspeita de fraude em cartões de vacinação contra covid-19 do ex-presidente, dele e de sua própria família. Cid chegou ao Congresso Nacional para depor pouco antes das 9h, fardado. Ele é investigado por oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).