A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos do 8 de janeiro aprovou, na manhã desta terça-feira (11/7), uma série de requerimentos de informação. Entre eles, o pedido de quebra de sigilo do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que é ouvido hoje pela CPMI.
Além de Cid, George Washington de Oliveira Sousa, empresário condenado por atentado a bomba ao Aeroporto de Brasília, também é alvo de pedido de quebra de sigilo. Ao todo, 197 requerimentos extrapauta foram apresentados durante a reunião do colegiado, mas apenas os itens de requerimentos de informação foram votados — os pedidos de convocações tiveram a votação adiada para o retorno do recesso.
A sugestão da presidência do colegiado é que uma outra comissão seja formada, por seis parlamentares, para elaborar requerimentos restantes para que sejam apreciados na volta do recesso, que se inicia na próxima segunda-feira (17/7). Alguns parlamentares apresentaram objeções aos pedidos de quebra de sigilo. Outros reagiram.
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“O que estamos querendo encobrir aqui? Se precisar votar individualizado a gente vota, mas não tem porque não quebrar o sigilo. Precisamos ter os dados para poder inquirir, todo mundo vem aqui e quer ficar calado”, argumentou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
O senador Magno Malta (PL-ES) defendeu que a CPI só chegará a algum lugar se houver quebra de sigilo. “Por isso que as convocações estão erradas desde o começo. Você precisa ter tudo na mão antes. A CPI precisa oficiar ao Supremo Tribunal Federal (STF), que sempre entregou as informações que tinham”, defendeu o senador. “É preciso que se quebre o sigilo, e depois se convoque. Concordo que não dá para fazer uma quebra coletiva. Mas o indivíduo que esteve aqui e a gente sabe que tem envolvimento, poderia ter quebrado o sigilo primeiro”, acrescentou Malta.
Oitiva
A CPMI ouve hoje o tenente-coronel do Exército Mauro Cid. O militar está preso desde 3 de maio por suspeita de fraude em cartões de vacinação contra covid-19 do ex-presidente, dele e de sua própria família. Cid chegou ao Congresso Nacional para depor pouco antes das 9h, fardado.
Sua convocação é baseada na troca de mensagens de teor golpista com o coronel Jean Lawand Junior — que depôs à CPMI em 27 de junho — , encontrada em seu telefone pela Polícia Federal (PF). A perícia no aparelho descobriu, ainda, uma minuta que sugeria a decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) por Bolsonaro, que seria uma das etapas para o golpe de Estado que impediria o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva de assumir o comando do país.