Preso em outubro do ano passado, o presidente de honra do PTB, Roberto Jefferson, está internado há mais de um mês em um hospital particular no Rio de Janeiro, com problemas físicos e mentais, de acordo com relatório médico que a revista Veja teve acesso.
"Roberto Jefferson não levanta mais da cama, chora a todo instante e tem alucinações", disseram os médicos. Segundo o laudo, o ex-parlamentar está deprimido, sem apetite e perdeu peso.
Sendo considerado um dos políticos mais polêmicos do Brasil, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), expediu uma ordem de prisão contra Jefferson em outubro do ano passado. Quando os policiais chegaram à casa do petebista para cumprir o mandado, Jefferson anunciou que não se entregaria e recebeu os policiais a tiros. Dois agentes ficaram feridos pelos estilhaços. Depois de uma tensa e demorada negociação, o político se rendeu.
O político de 70 anos foi encaminhado para o hospital com um quadro de apatia, insônia, distúrbio depressivo, inapetência e súbita perda de peso. Dias antes, ele tinha caído em sua cela, batido a cabeça e sofrido um traumatismo craniano. Os médicos da penitenciária reportaram ao hospital que após a queda, Jefferson passou a apresentar sintomas de confusão mental, desmaios, ouvia vozes e pronunciava frases desconexas.
De acordo com o relatório, Jefferson chegou ao hospital com insuficiência renal, desidratação e com um quadro grave de desnutrição — havia perdido 20% do peso corporal. Ao chegar na casa o político foi submetido a exames neurológicos e psiquiátricos, onde foi notado uma lentidão nas atividades mentais, perda de memória, ocorrência de convulsões e dificuldades para se locomover e realizar atividades básicas, como ir ao banheiro.
Em relação ao quadro de saúde, Jefferson, que tem 70 anos, já teve câncer no pâncreas, tireoide e cólon.
O ex-deputado já teve a prisão preventiva decretada duas vezes. Ele é investigado por tentativa de homicídio, divulgação de fake news, crimes contra a honra, racismo e homofobia.
Por razões médicas, o STF concedeu a Jefferson o direito de cumprir pena em casa, mas lhe impôs uma série de restrições, proibindo, entre outras coisas, o uso de redes sociais. O ex -deputado tanto usou as redes sociais como ainda divulgou fake news e gravou vídeos em que destratava a ministra Cármen Lúcia e atacava o Tribunal Superior Eleitoral.
Por isso, em outubro de 2022, às vésperas do segundo turno eleitoral, o ministro Alexandre de Moraes revogou a prisão domiciliar e determinou o retorno dele ao presídio, medida que deu origem à confusão que terminou na troca de tiros a sete dias das eleições.
Agora, os advogados querem invocar as condições de saúde do ex-deputado para tentar mais uma vez transformar a prisão preventiva em domiciliar, alegando que agora ele necessita de cuidados especiais. A defesa do ex-parlamentar também deve alegar que ao disparar os tiros de fuzil contra os policiais federais, Jefferson não tinha a intenção de atingi-los. Se quisesse, afirmam, teria condições e treinamento suficiente para acertar os alvos.