A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, conta as horas para deixar a pasta. Fontes palacianas ouvidas ontem pelo Correio confirmaram que ela deixa o cargo até sexta-feira (7/7), mas a carta de demissão pode ser apresentada ainda nesta quinta-feira (6/7) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apesar da forte articulação do marido dela, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho Carneiro, que passou os últimos dias em Brasília para fazer lobby pela esposa, a pressão do União Brasil pelo cargo foi mais forte.
Com a necessidade de consolidar uma base de apoio no Parlamento, a saída de Daniela é dada como certa há mais de duas semanas. O principal cotado para substituí-la, o deputado Celso Sabino (União-PA), foi cumprimentado como ministro pelos colegas do Congresso.
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Daniela Carneiro foi escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como retribuição ao empenho do casal na campanha presidencial do petista na Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e com o público evangélico, áreas de influência eleitoral do bolsonarismo. Apesar de, à época das eleições, o casal de políticos fluminenses ser filiado ao União Brasil, a escolha de Daniela para o ministério nunca foi unanimidade na bancada do partido na Câmara.
Com a ida de Waguinho para o Republicanos, e Daniela com pedido de desfiliação do União Brasil para ser julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a pressão do prefeito é para que alguma compensação seja dada ao seu grupo político. Uma das reivindicações é que a ministra assuma uma das vice-lideranças do governo na Câmara. Ela foi a mulher mais votada para deputada federal no estado do Rio de Janeiro e retomará o mandato parlamentar.
Essa acomodação, porém, é pouco provável. Se o TSE não autorizar a saída dela do União para se filiar ao Republicanos, ela seguiria sem o apoio da sua bancada para assumir a vice-liderança do governo. Da base governista, o União é o menos aderente às propostas do Planalto, e tem nas suas fileiras nomes como o do senador Sérgio Moro (PR), responsável pela condenação de Lula nos processos da Lava-Jato. Se a troca for autorizada sem perda do mandato, ela iria para um partido que não é da base e costuma se unir à oposição, no Congresso. (Colaborou Rosana Hessel)