Apesar da pressão do Centrão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu, mais uma vez, em defesa da ministra da Saúde, Nísia Trindade, ao descartar mudanças na pasta. Na abertura da 17ª Conferência Nacional de Saúde, em Brasília, ele assegurou que Trindade permanecerá até quando ele quiser. O petista emendou ainda que a ministra pode dormir "tranquila".
"Na semana passada, eu liguei pra Nísia, eu tinha visto uma nota no jornal que tinha alguém reivindicando o Ministério da Saúde. Eu disse: 'Nísia, vá dormir e acorde tranquila porque o Ministério da Saúde é do Lula, (o titular) foi escolhido por mim e ficará até quando eu quiser", disse o presidente.
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Para fazer frente à semana de importantes decisões para o governo na Câmara dos Deputados, foram liberados R$ 465 milhões da verba do ministério a emendas parlamentares, principalmente para Alagoas, reduto de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa.
Na conferência, o petista reforçou os elogios à atuação da ministra. "Tenho certeza de que, poucas vezes na vida, a gente teve a chance de ter uma mulher no Ministério da Saúde para cuidar do povo com o coração, como uma mãe cuida dos seus filhos."
O presidente aproveitou a cerimônia para voltar a chamar o ex-presidente Jair Bolsonaro de "genocida" e dizer que "nada ficará impune". "Depois da covid, não tem um brasileiro de boa fé que não reconheça que, graças a vocês, graças ao SUS, graças a todos os profissionais de saúde, a gente não chegou a mais de um milhão de mortes porque o negacionista que governava esse país tem de assumir responsabilidade, pelo menos, por parte de 300 mil mortes das 700 mil que morreram", destacou Lula.
"Era um genocida colocando em prática a mais perversa atitude com relação ao ser humano. Haverá um dia nesse país que a covid será estudada com mais profundidade e haverá um dia em que alguém será julgado pela irresponsabilidade e pelo descaso no tratamento do SUS. Alguém que resolveu desafiar a ciência, os cientistas, pesquisadores, a OMS", disse.
Piso da enfermagem
A Conferência Nacional de Saúde reúne profissionais da área para discutir políticas do setor e dar subsídios para o Plano Nacional de Saúde e o Plano Plurianual 2024-2027. No evento, Lula afirmou que o governo federal pagará o piso nacional da enfermagem retroativo a nove meses. Pela manhã, ele teve uma reunião com a ministra Nísia, no Palácio da Alvorada, para tratar do assunto.
O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, no fim de junho, para aprovar, com ressalvas, o pagamento do piso da enfermagem aos servidores da rede pública. Para o setor privado, ainda não há consenso, com debates em torno de pontos divergentes, como o pagamento por região e o acordo entre funcionários e patrões.