Deputados aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se dizem contrários à proposta de reforma tributária, prometem se opor à votação — prevista para ocorrer até sexta-feira. Na segunda-feira, o PL — dono da maior bancada na Câmara, com 99 integrantes — bloqueou a votação do projeto que altera o funcionamento do Carf (Conselho de Administração de Recursos Fiscais), que está trancando a pauta na Casa. Parlamentares da legenda dizem que esse foi um "recado" a Lira de que a mudança nos impostos "não está madura".
A oposição dos bolsonaristas do PL à reforma começou a ganhar corpo no fim de semana, após um tuíte do deputado Eduardo Bolsonaro (SP). "Adianto meu voto contrário. O brasileiro não aguenta mais imposto, quanto mais o pobre", escreveu o filho do ex-presidente, reverberando crítica da Associação Brasileira de Supermercados de que a reforma encarecerá a cesta básica. O governo diz que os cálculos estão errados.
O próprio Bolsonaro se manifestou contra a reforma em tramitação, elevando a temperatura do debate. "Reforma tributária do PT: um verdadeiro soco no estômago dos mais pobres. Do exposto, o presidente do PL e seu líder na Câmara dos Deputados encaminharão, junto aos seus 99 deputados, pela rejeição total da PEC da reforma tributária", tuitou.
Sem radicalismo
Em reação, o relator da reforma, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou que não permitirá que o tema seja contaminado por "política radical". "Não vou entrar em briga de Bolsonaro e Lula, nem de ninguém", disse, ao reforçar que a proposta não é de esquerda nem de direita.
Membro da ala do PL classificada como mais moderada, o deputado Luiz Carlos Motta (SP) afirmou que se o relator aceitar "consertar" o texto à luz das propostas feitas pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, "fica mais fácil para defender (a reforma)".
Uma das principais peças no xadrez da oposição será o posicionamento do governador paulista, que negocia mudanças no texto na reta final da votação. Aguinaldo Ribeiro estuda rever a centralização da arrecadação, após pressão de Tarcísio.
Na segunda-feira, o relator disse que avalia a possibilidade de incluir na proposta um dispositivo que determina que os impostos gerados em operações de compra e venda realizadas no estado sejam mantidos na mesma unidade da Federação.
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