O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não há interesse em acordos que "condenem os países sul-americanos a serem sempre exportadores de matérias primas". A fala ocorreu após o presidente assumir a presidência rotativa do Mercosul, nesta terça-feira (4/7), em Puerto Iguazú, na Argentina. Lula voltou a prometer fechar o acordo do Mercosul com os europeus ainda neste semestre e disse que ligaria ainda nesta quarta-feira (5/7) para o líder espanhol, Pedro Sánchez, que assumiu a presidência rotativa da União Europeia no último sábado.
“Prometo a vocês muita lealdade ao Mercosul, e prometo a vocês muito trabalho para avançar o Mercosul”, disse o presidente brasileiro. Lula apontou que além do acordo com os europeus pretende ampliar as tratativas comerciais do bloco e atender as demandas dos outros países membros, como o Uruguai, que vem sendo cortejado pela China na negociação de um tratado bilateral de livre-comércio entre os dois países.
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Sem citar o Uruguai, disse que é “normal reclamar” e lembrou de dados que indicam um incremento importante dos sócios da aliança em função da existência do Mercosul ao longo dos últimos 20 anos.
“É normal que a gente reclame, é normal que a gente queira mais, que a gente queira crescer, mas se pegarmos o que nós crescemos nesses últimos 20 anos em função do Mercosul é um crescimento extraordinário e excepcional. A gente pode querer mais, a gente pode fazer mais, mas a gente não pode negar que tivemos avanços extraordinários”, disse Lula na cúpula enquanto o líder Uruguaio escutava.
Lula também reforçou a unidade e disse que vai estudar as solicitações dos demais sócios, descartando a possibilidade de qualquer país membro deixar o grupo.
“Eu quero me dedicar a levantar as principais demandas, as principais divergências, para que a gente consiga alinhavar, para dar um salto de qualidade no funcionamento do Mercosul. Eu acredito que não há a menor possibilidade de qualquer saída, nem para um país do tamanho do Brasil, se nós não estivermos juntos. Eu acho muito difícil a gente imaginar que sozinho a Argentina vai sair porque vai negociar, não vai. É importante que a gente tenha clareza da importância da unidade”, disse o brasileiro.
Quanto à situação da Venezuela, Lula voltou a falar na necessidade de seguir as conversas e negociações com o país vizinho. Disse não conhecer a situação da candidata de oposição à presidência, María Corina Machado, que foi considerada inabilitada para o pleito, mas disse que irá se inteirar sobre o tema. Sobre a Nicarágua, Lula disse que se comprometeu com o Papa Francisco em interceder com o presidente Daniel Ortega para buscar resolver a situação no país da América Cenrtal. “Eu estive com o Papa Francisco e me comprometi a conversar com o Daniel Ortega para resolver aquela situação da igreja lá”, disse Lula.