A Câmara dos Deputados retorna suas atividades esta semana e instala, na quarta-feira (2/8), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe sanções aos partidos que não cumpriram as cotas de candidaturas de mulheres e pessoas negras e indígenas na última eleição. A proposta aborda, ainda, a anistia de siglas que estejam com as prestações de contas irregulares.
O texto prevê que não sejam aplicadas sanções, inclusive multas ou suspensão de repasse do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, às legendas que não preencheram uma quantidade mínima de recursos.
- Comissão mista do salário mínimo terá duas audiências esta semana
- Propostas testam acordo do Centrão com o governo
- CCJC admite PEC que anistia partidos que não cumpriram regra de cotas do TSE
A proposta foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania em maio e, após ser analisada na comissão especial, irá para o plenário da Câmara antes de seguir para o Senado. A reunião acontecerá às 14h e, na ocasião, será eleito o presidente e vice, além da escolha da relatoria.
O debate sobre o texto colocou lado a lado parlamentares como Kim Kataguiri (União-SP) e Sâmia Bomfim (PSol-RJ), na crítica à proposta. Kataguiri chegou a considerar a PEC uma “vergonha e escárnio”. “É você ofender a população. Já foi verificado o uso de recursos para a compra de jatinhos, de TV de 55 polegadas, para a reforma em casa de políticos, para a compra de 24 carros de mais de R$ 100 mil. Foram R$ 77 milhões gastos ilegalmente pelos partidos só em 2015”, exemplificou.
“Essa é a quarta lei que anistia partidos políticos. Os partidos não cumprem as cotas porque sabem que os parlamentares vão votar a autoanistia. As cotas são os principais mecanismos para ampliar a participação de mulheres e negros e, pelo fato de o Brasil ter regras brandas e votar anistias, estamos na lanterninha da representação”, criticou Sâmia.
Já entre os defensores estão os deputados governistas e aqueles do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. Éder Mauro (PL-PA) defendeu a necessidade da PEC. “A Emenda 117 não obedeceu a um princípio técnico-constitucional, que é o princípio da anualidade. Alteração no processo eleitoral não se aplica em eleição que ocorra em até um ano da sua vigência. Isso evita casuísmos, surpresas e prejuízos a partidos e candidatos e até mesmo a eleitores.”
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), destacou durante a votação da medida na CCJ da Câmara, que o “debate da constitucionalidade não inclui a discussão do conteúdo”. “Na comissão especial, nós vamos apresentar emendas. Eu vejo essa PEC como uma oportunidade de constitucionalizar as cotas de gênero e raça. Porque hoje as cotas de gênero estão na Constituição, mas as raciais estão em regulamentação do TSE, muito frágeis”, afirmou ela.
Gleisi chegou a argumentar que as multas aplicadas atualmente são abusivas, quando, na verdade, deveriam ser “pedagógicas”. “É por isso que temos reiteradas anistias no Parlamento.”
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores.