POLÍTICA AMBIENTAL

Lula vai receber chefes de Estados para discutir situação da Amazônia

Lula vai se reunir com chefes de Estado da América Sul para fechar as reivindicações conjuntas que serão apresentadas a 193 países durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro, nos Estados Unidos

Ândrea Malcher
postado em 24/07/2023 03:40
Pautas como desenvolvimento sustentável e preservação da Amazônia estão entre as prioridades ambientais do governo Lula -  (crédito: Alberto César Araújo/Amazônia Real)
Pautas como desenvolvimento sustentável e preservação da Amazônia estão entre as prioridades ambientais do governo Lula - (crédito: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajará a Belém, no início de agosto, para participar da Cúpula da Amazônia, que contará com os chefes de Estado de oito países que compartilham do território amazônico: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além do próprio Brasil, todos membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Um dos objetivos é produzir um documento que trate do bioma, em diversos assuntos, e que será entregue aos 193 Estados-membros no debate geral da Assembleia Geral da ONU, que ocorre no mês seguinte.

O evento está marcado para os dias 8 e 9 do mês que vem. A cúpula antecede a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30), que também será sediada na capital paraense em novembro de 2025, e deve produzir efeitos importantes. Isto porque pautas como desenvolvimento sustentável e preservação ambiental, principalmente da Amazônia, vêm sendo moeda de troca para recuperar um voto de confiança internacional. Com os desmontes ambientais provocados pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula tenta reconquistar antigos parceiros que antes contribuíam com repasses ao Fundo Amazônia, por exemplo.

Diversos países suspenderam a destinação de verba durante o último governo, como a Noruega, um dos principais contribuintes do Fundo Amazônia. Lula já convidou o primeiro-ministro do país, Jonas Gahr Store, para comparecer à cúpula de Belém.

O país vem, inclusive, de olho no Brasil. O ministro norueguês do Meio Ambiente, Espen Barth Eide, informou que as contribuições ao fundo de proteção da Amazônia, suspensas durante o governo Bolsonaro e retomadas logo após a eleição de Lula, seguiriam conforme os resultados brasileiros de redução do desmatamento.

União Europeia

Na Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia (UE), que terminou na terça-feira, a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, disse vagamente ao presidente que pretende aprovar uma contribuição do orçamento do país para o fundo amazônico.

A UE, por sua vez, prometeu 45 bilhões de euros, cerca de R$ 242 bilhões, na América Latina e no Caribe, em projetos de infraestrutura, climáticos e digitais para fortalecer o comércio da União Europeia com outras regiões do mundo e combater a mudança climática.

A declaração final da cúpula prevê o comprometimento de países desenvolvidos em pagar US$ 100 bilhões por ano a nações em desenvolvimento para financiar ações climáticas.

Em maio, ao retornar da Cúpula do G7, em Hiroshima, no Japão, Lula defendeu a busca por uma política unificada entre os países da Amazônia, que envolva povos indígenas, evite o desmatamento e, ao mesmo tempo, garanta a sobrevivência das cerca de 28 milhões de pessoas que vivem no território. "Não queremos transformar a Amazônia em um santuário da humanidade", disse ele aos jornalistas.

Na ocasião, ele cobrou das sete maiores economias do mundo que formam o grupo — Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá — pelos U$ 100 bilhões anuais, prometidos na Cúpula Celac-UE. "Em todas as COPs, as pessoas falam que vão doar US$ 100 bilhões. Nós estamos aguardando."

Seminários e debates

A Cúpula da Amazônia será antecedida por uma série de seminários e debates, com a participação de movimentos da sociedade civil, bem como um rol de ministros, como Marina Silva, do Meio Ambiente, e Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas. Mas outros também devem marcar presença.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, apresentou aos líderes do G20, na quinta-feira, ações que devem ressurgir durante o evento. "Nós lançaremos, na Amazônia, um dos maiores programas de descarbonização do planeta. O norte do Brasil consome R$ 12 bilhões por ano de óleo diesel para tocar sistemas isolados da Amazônia", disse ele. "Nós faremos uma transição desse sistema isolado para uma energia limpa e renovável, dando ao planeta uma sinalização clara do nosso esforço nesse sentido. São programas que demonstram o nosso mais absoluto comprometimento com o mundo."

Segundo Marina, a proposta para regulamentar o mercado de créditos de carbono deverá ser enviada ao Congresso em agosto. Ou seja, tanto do ponto de vista nacional quanto do diplomático, a Cúpula da Amazônia movimentará pautas essenciais para Lula neste momento.

Enquanto isso, a maior metrópole da Amazônia atrai os olhares do mundo e estará com sua agenda mais lotada que nunca. Belém recebe no fim de agosto, ainda, o ex-primeiro ministro do Reino Unido Tony Blair; o ex-presidente da Colômbia Iván Duque; e Ban Ki-Moon, atual 8º Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, como antecipou o governador Helder Barbalho (MDB). "São especialistas e personalidades internacionais que estarão na capital paraense para discutir os desafios ambientais da Amazônia e do planeta."

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