A Polícia Federal (PF) prendeu, na quinta-feira, um dos acusados de envolvimento na invasão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 8 de janeiro. Diego Ventura, de 38 anos, foi detido por determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre o caso na Corte. A prisão ocorreu em mais um desdobramento da Operação Lesa-Pátria, que investiga a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Diego foi alcançado no evento Assembleia Nacional da Direita Brasileira, em Campo dos Goytacazes (RJ). Ele é velho conhecido dos militantes radicais do bolsonarismo: chamado de Diego da Direita Limpa Campos, chefia um movimento que surgiu no Rio de Janeiro e ganhou aceitação entre os adeptos da extrema direita.
As investigações apontam que ele era um dos chefes do acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, no Setor Militar Urbano. Em dezembro, Diego chegou a ser detido com outras pessoas, enquanto seguia para o STF com estilingue, faca e rádios comunicadores. A reclusão do extremista para averiguação ocorreu horas depois de bombas serem encontradas em um caminhão de combustível, no Aeroporto Internacional de Brasília.
Apesar de ter sido levado à delegacia, Diego foi solto no mesmo dia. O homem que instalou as bombas, George Washington de Oliveira Souza — condenado a nove anos e quatro meses de prisão —, confessou ter passado pelo acompanhamento no QG do Exército. No entanto, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos antidemocráticos, negou que a tentativa de atentado tenha relação com a quase invasão da sede da PF, em 12 de dezembro, e com o ataque aos Três Poderes.
Porém, o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal Leonardo de Castro, também em depoimento à CPI, afirmou que existe um elo entre a tentativa de atentado no aeroporto e a de invasão à sede da PF.
Nas imagens captadas no dia do ataque contra o STF, Diego aparece do lado de fora da sede do Judiciário chutando grades. Em seguida, surge dentro do prédio, já destruído.
Julgamentos
Ainda no Supremo, restam a análise de 100 denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra acusados de envolvimento nos ataques de 8 de janeiro. Depois desta fase, a avaliação do caso pela Corte entra em uma nova etapa, na qual será feita a instrução processual, como a coleta de provas e oitiva de testemunhas. A expectativa é de que os processos restantes sejam analisados após o recesso do Poder Judiciário, que termina em agosto.
Os casos estão sendo analisados em massa pelos ministros da Corte no plenário virtual — 1.290 denúncias já foram recebidas e os acusados passam à condição de réus. De acordo com as investigações, os atentados foram articulados e contaram com apoio político e financeiro. A PGR dividiu os grupos em financiadores, que deram suporte material ou recursos para viabilizar os ataques; incentivadores, que conta com forte presença de políticos que incitaram extremistas; e executores.
O último grupo é formado por quem, de fato, foi até a Esplanada dos Ministérios e invadiu e depredou a sede do Supremo, o Palácio do Planalto e o Congresso. Os agentes públicos que poderiam evitar as depredações, e se omitiram, também foram denunciados. Eles terminaram sendo identificados por impressões digitais, materiais biológicos encontrados nos locais dos ataques, além de imagens de câmeras de segurança e informações obtidas por meio das redes sociais. De acordo com o STF, 253 pessoas ainda estão presas.
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