diplomacia

Lula e Macron defendem fim de sanções se Venezuela fizer eleições justas

Documento conjunto assinado por chefes de Estado da América Latina e da Europa pede que eleições no país permitam a candidatura de todos os interessados e que sejam seguidos tratados internacionais

Victor Correia
postado em 19/07/2023 03:55
Lula e Macron ao lado de Delcy Rodríguez e Gerardo Blyde, na reunião de segunda-feira -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
Lula e Macron ao lado de Delcy Rodríguez e Gerardo Blyde, na reunião de segunda-feira - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)

Sanções contra a Venezuela podem ser levantadas caso o país realize eleições livres e justas no ano que vem. A decisão foi oficializada, nesta terça-feira, em documento conjunto assinado por chefes de Estado da América Latina e da Europa, inclusive, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os dirigentes pediram que o pleito permita a candidatura de todos que desejam concorrer, siga os tratados internacionais e admita observadores — o que, até o momento, foi negado pelo governo de Nicolás Maduro.

A manifestação conjunta decorreu de uma reunião realizada na segunda-feira, em Bruxelas, na Bélgica, entre situação e oposição da Venezuela. Participaram a vice-presidente do país, Delcy Rodríguez, e o negociador-chefe da Plataforma Unitária da oposição venezuelana, Gerardo Blyde. O encontro foi mediado por Lula; pelos presidentes da França, Emmanuel Macron; da Argentina, Alberto Fernández; da Colômbia, Gustavo Petro; e pelo Alto Representante da União Europeia para Relações Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell.

Foi a primeira vez que Lula se reuniu com a oposição venezuelana. O presidente é criticado por declarações em defesa do regime de Maduro e do sistema eleitoral do país. O petista chegou a falar que a Venezuela "tem mais eleições que o Brasil" e que Maduro foi eleito democraticamente. O governo vizinho, porém, é alvo de uma série de denúncias por perseguição a opositores, fraudes nas eleições, tortura e violação dos direitos humanos.

Lula comentou brevemente sobre o encontro no programa Conversa com o Presidente, transmitido, nesta terça-feira, de Bruxelas. De acordo com ele, a reunião teve o objetivo de "discutir um pouco a possibilidade de normalizar a situação da Venezuela". O chefe do Executivo deve tratar do tema em mais detalhes na coletiva de imprensa prevista para hoje.

"Os chefes de Estado e o Alto Representante (da União Europeia) instaram o governo venezuelano e a Plataforma Unitária da oposição venezuelana a retomar o diálogo e a negociação no âmbito do processo do México, com o objetivo de chegarem a um acordo, entre outros pontos da agenda, sobre as condições para as próximas eleições", diz a nota divulgada pelo Itamaraty.

Em novembro do ano passado, no México, oposição e situação firmaram um acordo a respeito das medidas sociais para a Venezuela, o que resultou no relaxamento de sanções dos Estados Unidos ao petróleo de Caracas. Europa e EUA impõem as maiores restrições ao país latino-americano.

Suspensão completa

No documento conjunto assinado nesta terça-feira, as nações pedem "eleições justas para todos, transparentes e inclusivas". Também frisam que "esse processo deve ser acompanhado de uma suspensão das sanções, de todos os tipos, com vistas à sua suspensão completa".

O posicionamento reforça a tendência recente de afrouxar medidas impostas contra a Venezuela. O entendimento dos países — especialmente após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia — é que os embargos foram inefetivos. Como contrapartida, porém, o governo de Maduro é cobrado a reverter sua política autoritária.

Até o momento, no entanto, a Venezuela tem se negado a permitir a presença de observadores europeus em seu processo eleitoral. O governo também declarou que a principal opositora, María Corina Machado, está impedida por 15 anos de assumir cargos públicos por ter defendido as sanções americanas a Caracas. A candidatura dela vinha ganhando força. Outros opositores tiveram o mesmo tratamento, considerado interferência de Maduro no pleito.

Apesar de o governo venezuelano ainda não ter sinalizado se vai atender à demanda que consta do comunicado conjunto, a retirada das sanções é defendida há tempos pela gestão de Maduro.

Conforme declarou a vice-presidente do país, Delcy Rodríguez, na Cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos (Celac) e a União Europeia — principal evento em Bruxelas —, "mais de 900 medidas coercitivas unilaterais paralisaram as mãos do Estado venezuelano. Suas receitas caíram. Mas, apesar disso, estamos aqui, de pé".

 

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.